Mestre em Ciências da Saúde, UnB; Auditor ISO 14.000; Auditor CONAMA 306; Pesquisador Saúde Pública

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Desde muito cedo despertei o interesse para entender o sentido de “Gigante pela própria natureza” inscrito em nosso belo Hino Nacional Brasileiro. No meu pequeno mundo isso tinha formato de um sonho. Sempre acreditei que o trabalho produziria um Futuro que espelha essa grandeza. Entretanto, não poderíamos esperar “Deitado eternamente em berço esplendido”. Então, me debrucei sobre os livros e outros informes. A história da expansão territorial do Brasil ainda tem sido pouco pesquisada por nossa historiografia, apesar da importância estratégica e atual que reveste a questão. O potencial dos seis Biomas do Brasil nos credencia a produzir alimento para parte significativa dos 195 países do globo. Certo que temos problemas maiúsculos na seara da saúde de nosso povo, saúde primária, saúde regionais, saúde provenientes de epidemias e pandemia novo coronavírus. Nada que planejamentos estratégicos, planos de governo e planos de estado, com boa vontade e união de governantes não possam resolver.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Marcas extremas de temperatura também atingiram o Brasil

 Ondas de calor, desastre climático

As políticas de saúde pública no Brasil são pouco discutidas entre os administradores públicos e a sociedade, e sua implementação não tem sido pauta nas casas de leis, mirins, estaduais, câmara baixa ou câmara alta. É sim, prevista nas constituições dessas casas, mas existe um hiato gigantesco entre os profissionais de saúde e representantes políticos para unificar os interesses do povo brasileiro nessa seara.

Particularmente, me preocupa a atual onda de calor experimentada no Brasil, até porque será debitada ao clima os eventos adversos de temperatura, quando na realidade a saúde do cidadão será severamente afetada. A observar eventos dessa natureza, presentes em tempos pretéritos, em outras regiões do globo foram tratadas como problema de saúde pública, entretanto, após quatro meses de intensa ocorrência do El Niño, em um país com tamanha diversidade ambiental, não vejo manifestações de nossas autoridades sanitárias.

Estaria eu tão descolado da realidade político-sanitária de meu Brasil?

Temperaturas Extremas

Vale da Morte, EUA - deserto californiano 57,8 ºC

Temperaturas máximas médias máximas acima de 41ºC

Turfan, China

Temperaturas acima de 50ºC

Tirat Tsvi, Israel 

Cidade mais quente da Ásia, alcançou temperaturas acima de 53,9ºC

Timbuktu, Mali

Cidade alcançou 54,4º

Wadi Halfa, Sudão

Cidade fronteira do Sudão com Egito, alcançou 54,4ºC

Kebili, Tunísia

Já registrou 55ºC

Ghadames, Líbia

Temperatura alcança 55ºC

Qeensland, Austrália

Temperaturas de até 68,9ºC

Desert Lut, Irã

Registrada temperatura acima de 70,7ºC

 

História recente do clima extremo nas áreas habitadas

Nunca na história de mais de um século da observação do clima mundial tantos recordes de calor de todos os tempos caíram por uma margem tão grande quanto na história da onda de calor de final de junho de 2021 no Oeste da América do Norte. Um desastre climático que levou a morte 808 pessoas no Oeste do Canadá e 229 no noroeste dos EUA. Em Lytton, Columbia, no Canadá, os termômetros marcaram impressionantes 49,6ºC.

Uma onda de calor extremo deve castigar o sul da Europa nesse verão de 2023. Em muitos lugares, as temperaturas devem ultrapassar a marca de 40ºC na Espanha, França, Grécia, Croácia Turquia, com picos de até 48ºC em lugares como a Sicília, na Itália.

Um estudo pela revista científica Nature Medicene apontou que cerca de 61 mil pessoas morreram de calor na Europa durante o verão de 2022 no Hemisfério Norte. Levando em conta a média de temperaturas globais, junho de 2023 ficou 0,53 ºC acima dos índices registrados entre 1991 e 2020 no mesmo período, superando substancialmente o recorde de 2019

A MetSul Meteorologia adverte que o nível de calor (El Niño 2023) para os próximos dias em muitas áreas do território brasileiro atingirá patamar extremamente perigoso à saúde e à vida com elevado risco para a população vulnerável, como enfermos e idosos.

Em 2023, os meses julho, agosto, setembro e outubro, foram marcados por extremo calor em grande parte do Brasil e eventos de onda de calor, reflexo dos impactos do fenômeno El Niño o aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico Equatorial), que tende a favorecer o aumento da temperatura em várias regiões do planeta. Também o aumento da temperatura global da superfície terrestre e dos oceanos muito contribuiu para esses eventos levarem a esse extremo.

Vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e no mundo.

https://ipiauonline.com.br/onze-capitais-batem-recorde-de-calor-ate-o-fim-de-semana/

O Brasil será atingido por uma onda de calor histórica pelo terceiro mês seguido coma marcas extremas de temperatura em vários estados e uma alta probabilidade de quebras de recordes históricos. Mesmo em cidades habituadas a calor muito intenso, com marcas 10ºC a 15ºC acima da climatologia histórica em algumas tardes.

O calor mais extremo, inicialmente atinge áreas do Centro-Oeste (MT e MS). Até sexta-feira, 09/11, o calor mais intenso concentra-se no Centro Oeste e no interior de SP, mas a partir do fim de semana a massa de ar quente se amplia e as máximas muito altas passam a alcançar mais áreas.

A partir de sábado, 11/11, as máximas vão passar dos 40ºC em várias cidades do interior de SP e podem alcançar até 37ºC na cidade de SP, o mesmo ocorrendo em Belo Horizonte.

A onda de calor já está nos seus estágios iniciais e tende a ganhar força durante os próximos dia. Ar extremamente quente cobria o Centro e o Norte da Argentina, com marcas extremas em diversas províncias. As máximas no país vizinho atingiram a 46ºC em Rivadávia, 44,9ºC em Santiago del Estero (SMN).

Também a Bolívia registrou calor extremo (08/11) onde a maior temperatura em estações oficiais do país alcançou 44,7ºC em Villamontes.

O Paraguai observou marcas extremas de calor em Pozo Colorado, com 44ºC.

Período de duração - Normalmente, ondas de calor duram entre quatro e sete dias, mas esta onda (08/11) durará até dez dias ou mais em diversas cidades, podendo completar até duas semanas em alguns locais.

El Niño – é um fenômeno natural que ocorre periodicamente. Pesquisas sugerem que as mudanças climáticas podem influenciar a intensidade e frequência dos seus eventos. O aumento das temperaturas globais pode interagir com os padrões climáticos e oceânicos, potencialmente amplificando seus efeitos. Originado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico, tem efeitos climáticos globais que afetam diretamente a circulação atmosférica e marítima.

Efeitos do El Niño no clima – manifesta-se em diferentes regiões do mundo com chuvas intensas e inundações em áreas normalmente secas, secas e estiagens em áreas normalmente úmidas, aumento de atividades de furacões no Pacífico Leste e redução de pesca, devido às mudanças na circulação oceânica.

Agricultura – em algumas regiões o aumento das chuvas pode levar a inundações que prejudicam as colheitas; em outras, a seca pode reduzir a disponibilidade de água para a irrigação, afetando a oferta da produção de alimentos. Prevenção: implementar estratégias antes que os eventos extremos possam acontecer nas regiões, como o correto preparo de solo com técnicas que evitem a erosão, manutenção dos canais de drenagem, assessoria nas variedades de ciclo intermediário, maior atenção no controle de doenças e distribuição parcelada da fertilização quanto possível.

Quando começa o efeito El Niño no Brasil – geralmente começa a ser sentido a partir dos meses mais quentes do ano, entre dezembro e março. Essa é a época que os impactos das mudanças nos padrões climáticos, como chuvas irregulares e temperaturas extremas, tendem a se manifestar de forma mais evidente em diferentes partes do país. Pode causar chuvas torrenciais na região Sul, secas severas nas regiões Norte e Nordeste. Essas flutuações climáticas têm impacto direto na agricultura, no abastecimento de água e nos ecossistemas locais

Impacto do evento El Niño 2023

Norte

Redução de chuvas na região amazônica, favorecendo a formação de algumas estiagens e intensificando a proliferação de queimadas

Nordeste

No litoral, aumento da intensidade e frequência das chuvas, no interior se espera temperatura acima da média das regiões semiárida

Centro-Oeste

Mudanças no padrão de chuvas, encurtando sua frequência. Maior risco de ocorrência de alternância entre chuvas fortes e veranicos prolongados. É recomendável esperar uma sequência de várias chuvas para iniciar o plantio.

Sudeste

O regime de chuvas vai ter mudanças no padrão, reduzindo sua frequência e intensidade. Alta probabilidade de alternância entre chuvas fortes e veranicos mais prolongados que a média dos anos anteriores.

Sul

Aumento da frequência e intensificação de chuvas torrenciais, acima das médias históricas entre os meses de agosto e outubro.

 

Onda de calor e óbitos

Normalmente, o calor no Brasil é percebido como um evento normal no clima e até celebrado, mas o país não mantém estatísticas sobre a mortalidade relacionada a alta temperatura. O calor é um causador silencioso de mortes, diferente do que ocorre com desastres pela chuva. O calor extremo é muito mais mortal do que outros desastres naturais, matando em média mais do que o dobro de pessoas por ano do que furacões e tornados combinados (Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos).

As mudanças climáticas e crescente urbanização estão aumentando rapidamente a exposição humana a temperaturas ambientes extremas, mas poucos estudos examinaram a temperatura e a mortalidade na América Latina.

Proteção do calor extremo, sugestão Mayo Clinic)

1. beber grande quantidade de líquidos, para manter uma temperatura corporal normal; 2. usar roupas folgadas e leves, para permitir que o corpo esfrie adequadamente; 3. proteger-se das queimaduras solares, usando chapéu de abas largas e óculos de sol e um protetor solar de amplo espectro; 4.  ficar em carro estacionado sob o sol (a temperatura dentro do carro pode subir mais de 10ºC em apenas 10 minutos); 5. agendar exercícios físicos ou trabalho físico para os períodos menos quentes do dia.

Riscos relacionados ao calor: câimbras, exaustão, insolação, náusea e vômito.

Concluindo

Estamos frente a um desastre climático natural pontual? ou esse tipo de evento terá alguma constância, como em outras partes do mundo. Agências meteorológicas afirmam que esse fenômeno irá perdurar até o outono de 2024.

Que tipo de contribuição o ser humano tem prestado para alcançar esse resultado tão alardeado da mudança climática?

Qual a participação dos brasileiros nesse processo da mudança climática? Somos os inocentes úteis para serem incriminados pelas transformações globais do século XXI?

Por Edson Silva

       13/11/2023

Fontes de consulta

https://portal.inmet.gov.br/noticias/temperatura-m%C3%A9dia-atinge-recorde-no-brasil-pelo-quarto-m%C3%AAs-seguido

https://planetacampo.com.br/el-nino-o-que-e-como-forma-aquecimento-global/

https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/clima/356092-el-nino-e-as-perspectivas-para-o-brasil-em-2023-24.html

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/turismo/internacional/conheca-os-10-lugares-mais-quentes-do-mundo,282d6540596c9310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

https://www.climatempo.com.br/noticia/2023/07/14/sul-da-europa-deve-enfrentar-temperaturas-extremas-1454

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Secas, enchentes, vendavais, altas temperaturas - um Brasil desconhecido em 2023.

 El Niño, efeito devastador nos climas e temperaturas no Brasil.

Nas últimas décadas muito se tem visto que afeta a normalidade do ser humano no planeta Terra. A população mundial já ultrapassa 8 bilhões de pessoas. Seria esse montante populacional não experimentado anteriormente o causador das catástrofes anunciadas.

Numerosos “experts defensores da natureza” (tipo Leonardo DiCaprio, Greta Thunberg, e milhares de ONGs) imputam ao Brasil e ao brasileiro problemas afetos às mudanças climáticas, apostando na falta de informação do nacional. Importante que busquemos dados que combatam desinformações e má intenção de órgãos que não se envergonham de “marcar gol contra”.

O brasileiro acompanhava pela mídia esses fenômenos acontecerem em outros continentes. Mas “esses acidentes” parecem terem chegado na “casa brasilis”.

2023 tem sido um ano marcado por esses “incômodos climáticos”. São fenômenos naturais cíclicos? São atividades antrópicas? A ocorrência deles é pontual? Foram casos fortuitos? Como podemos nos precaver?

Mudança climática – transformações de longo prazo nos padrões de temperatura e clima. Podem ser naturais, mas desde o século 18 ações antrópicas (mãos do homem) tem sido a principal causa, em especial por causa da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), que produzem gases que retém o calor (fonte, Nações Unidas).

De acordo com Nota Técnica do CEMADEN – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, os Oceanos Pacífico Norte e Atlantico Tropical apresentam temperaturas acima de 2ºC a 4ºC. Assim o fenômeno El Niño está ocorrendo em meio a um contexto de elevado aquecimento oceânico em nível global. Essa combinação é explosiva no sentido de agravar muito a seca. Esse fato, sem precedentes, não permite prever o que vai acontecer até o outono de 2024, em especial na Amazônia, que tem em suas vias fluviais o meio de transporte (passageiros e de carga) por excelência de seus habitantes.

Aquecimento global, suas causas

Geração de energia – a maior parte da eletricidade ainda é produzida por combustíveis fósseis, somente ¼ vem de vento, sol e outras fontes renováveis.

Fabricação de produtos – fábricas e indústrias produzem emissões por causa da queima de combustíveis fósseis para produção de cimento, ferro, aço, eletrônico, plástico, roupas e outros bens. Mineração e outros processos industriais também liberam gases.

Derrubada de florestas – árvores quando cortadas liberam o carbono que estava armazenado. Preservadas, florestas absorvem dióxido de carbono.

Fonte, Nações Unidas

Quadro Climático, Brasil 2023

A Universidade de Colúmbia nos EUA apresentou projeções trimestrais de anomalia de precipitação para a América do Sul, até abril de 2024, em que se constata a tendência muito clara de um sinal invertido da chuva no território brasileiro com excesso mais ao sul e chuva abaixo da média no Norte e Nordeste do Brasil.

Nesse diapasão o restante desta primavera e todo o verão de 2024 ainda terão a presença do El Niño (projeção da agência de clima norte-americana). A transição para uma fase de neutralidade, com o fim do episódio de El Niño de 2023/2024, somente se daria durante o outono do próximo ano, em meados de abril e maio.

Seca severa na Amazônia

Calor extremo no Sudeste e Centro-Oeste

Chuva recorde no Sul

O Brasil teve o mês de julho mais quente em 62 anos. É o que indicam dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que a Agência Pública acessou. O resultado é o maior desde 1961, quando começaram as medições nas estações do órgão, e reflete uma situação que ocorreu em todo o mundo: um recorde de calor. Para o planeta, o mês foi o mais quente do registro histórico.

As áreas que registraram maior aumento foram o sul da Amazônia, o Centro-Oeste, Sudeste e o Sul. Seria um processo natural, mas temos notado um aumento progressivo das temperaturas no inverno nos últimos 15 anos. A substituição de áreas verdes por edificações, é um dos exemplos que contribui para o aquecimento (Danielle Barros, meteorologista do Inmet).

O recorde de calor registrado em julho de 2015 ocorreu em um ano com forte El Niño – o fenômeno de aquecimento da água superficial no Oceano Pacífico. Ele é o responsável por gerar grandes alterações no clima, por exemplo, nas temperaturas e no regime de chuvas. Nesse ano o retorno do El Niño poderia explicar o novo recorde de calor. Para o planeta, piora um cenário já alterado pelo processo de aquecimento global.  Na média, o mundo já está 1º C mais quente do que no período pré-revolução Industrial.

A previsão do Inmet aponta para um aumento para os três meses posteriores a julho nas temperaturas médias entre 1 e 1,5 º C, principalmente no Norte e Centro-Oeste.

Na bacia do Amazonas, a maior seca já registrada foi em 2010, quando havia a mesma configuração climática – o Atlântico tropical norte muito quente e parte do Pacífico e do Atlântico muito aquecidos estão gerando essa catástrofe.

El Niño

El Niño, fenômeno climático natural que aquece as águas do Oceano Pacífico, e o aquecimento global, provocado pela ação humana. Tem uma probabilidade muito grande desse El Niño continuar nos próximos meses e até para o próximo ano.

Em geral, com o El Niño, os invernos são mais quentes na região centro-oeste, sudeste e sul da Amazônia. Em 2005 também ocorreu importante seca na região amazônica, associada ao aquecimento do Atlântico (mas não com temperaturas tão elevadas da superfície dos oceanos quanto a de 2023).

No Norte do Brasil a principal manifestação do efeito desse fenômeno se dá pela seca que assola a região amazônica. Em 2023, o nível do Rio Negro chegou a 12,80 metros no porto de Manaus, o menor desde que começaram as medições em 1902. Anteriormente, a cota mais baixa foi registrada em 2010, com 13,63 metros, em uma estiagem que provocou estragos devastadores na região. A maior cota se deu em 2021, quando o nível do rio atingiu a marca de 30,02 metros.

2023

12,80 metros

2010

13,63 metros

2005

14,75 metros

2015

15,92 metros

2020

16,60 metros

2016

17,20 metros

Maiores secas registradas

https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2023/10/5133557-sem-agua-nao-tem-vida-seca-na-amazonia-brasileira-aumenta-o-temor-pelo-futuro.html

Foto contribuição Leandro Faraldo - Rio Madeira, Porto Velho


Foto contribuição Leandro Faraldo - Réguas Rio Madeira, Porto Velho

No maior afluente do Rio Amazonas, o Rio Madeira entrou em estado de alerta, ao atingir nível histórico de seca, chegando a medir 1,10 m no mês de outubro (Boletim de Monitoramento Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil), em que a agência justifica “o Dipolo do Atlantico, que seria essa gangorra de aquecimento/resfriamento das águas do Atlantico tropical, é um fenômeno natural, porém não se descarta que o aquecimento global cause alterações nesse fenômeno”. A cota mínima do Rio Madeira é a pior em Porto Velho nos 56 anos de medições, diz ANA.

No Centro-Oeste e no Sudeste, o calor extremo quebrou recordes na primavera 2023 em duas ondas de calor, segunda quinzena de setembro (45ºC no interior de São Paulo, e com Belo Horizonte/MG registrando 38,6ºC, sua maior máxima desde 1910), e segunda metade de outubro, quando Cuiabá teve a maior máxima desde o início dos registros com 44,2ºC, superando o recorde anterior da onda de calor de 2020 (44ºC).

https://www.metropoles.com/sao-paulo/temporal-causa-alagamentos-e-queda-de-arvores-e-sp-entra-em-atencao

A cidade de São Paulo não registra rajadas de vento com mais de 100 km/h, como a que atingiu a capital na tarde desta sexta-feira, 03/11/23, desde 1995. Só no parque Ibirapuera caíram 128 árvores. Com 1,4 milhão de usuários na capital a Enel afirma ter normalizado a energia de 400 mil (domingo 05/11). Foi um evento extraordinário, que exige ações extraordinárias de reconstrução de parte da rede.

No Sul, excesso de chuva. Porto Alegre registrou em setembro o mês mais chuvoso de sua história climática, com registros desde 1910. O acumulado mensal foi de 447,3 mm, superando os 405,5 mm de maio de 1941. Com a enchente do Vale do Taquari o RS teve o maior desastre natural em vítimas desde 1959, com um saldo oficial de 51 mortos.

https://www.metropoles.com/brasil/enchentes-no-rs-ja-provocaram-a-morte-de-293-mil-animais-da-pecuaria

No mês de setembro, as chuvas chegaram com mais intensidade no RS. Em outubro o estrago maior alcançou o Paraná e Santa Catarina. A média de chuvas para outubro em Curitiba é de 144 mm, nesse outubro 2023 choveu 559,8 mm.

No Oeste do PR, as cheias do Rio Iguaçu modificam o cenário de uma de suas principais atrações, as Cataratas do Iguaçu. Por medida de segurança, a passarela que dá acesso ao mirante da Garganta do Diabo permanece interditada.

O feriado prolongado de Finados está sendo marcado por chuvas intensas no Sul do país. Segundo o Inmet, até domingo, os ventos associados ao ciclone vão impactar com rajadas em torno de 100 km/h (RS). Em relação ao volume de chuvas pode passar dos 100 mm/24h no norte do RS, centro-oeste de SC e sudeste do PR.

Concluindo

Como o El Niño impacta o Brasil de formas diferentes, na Amazônia, norte do cerrado e no semiárido com secas pronunciadas e mais prolongadas, as atenções devem ser com um controle do uso do fogo - PREVENÇÃO; no Sul e Sudeste, afetados pelas tempestades e chuvas torrenciais as atenções devem estar voltadas para os riscos de desabamentos, deslizamentos, alagamentos.

O correto na gestão de desastres é promover a cultura da prevenção, a cultura do risco, a educação das pessoas para o risco e pensar como nos adaptaremos a essas novas situações que estamos vivendo. Não há uma política de adaptação às mudanças climáticas estabelecida no Brasil, em nenhuma das esferas de poder, quer federal, estadual ou municipal (Ayan Fleischmann, Instituto Mamirauá).

As políticas públicas devem focar em medidas de planejamento de prevenção e adaptação, reforçando a infraestrutura para que os cidadãos não sejam atingidos de uma forma muito dura.

Mais de 1,4 milhões de paulistanos ficaram sem energia elétrica (3/11/2023). O vendaval de 100 Km/h que assolou a grande São Paulo derrubou sobre a rede elétrica próximo a 1.000 árvores. Em várias cidades mundo afora foram substituídas as redes elétricas aéreas em subterrâneas. Benefícios: (1) proteção contra tempestades e outros fenômenos naturais, (2) revitalização e estética urbana, (3) aumento de segurança nas calçadas e melhoria na acessibilidade. A rede elétrica é extremamente suscetível a descargas elétricas naturais e a acidentes como quedas de árvores e a colisão de veículos. Pensemos no prejuízo que o cidadão, e o Estado, tem que amargar pela falta de planejamento e prevenção dos administradores públicos de nosso País (antecessores e atuais).

Que esforço temos visto nossas autoridades empregando para informar e minimizar esses problemas que tendem a ser uma constante na vida do brasileiro? A academia tem levado esse assunto para os bancos escolares na formação dos profissionais do futuro?

Caso entenda relevante, e necessário, para as gerações futuras envie para seus representantes políticos das três esferas (municipal, estadual e federal). Não espere aprofundar essa crise.

Por Edson Silva,

        Eduardo Lysias de Oliveira e Silva, 06/11/2023.

Fontes de consulta

https://metsul.com/el-nino-vai-seguir-baguncando-o-clima-de-norte-a-sul-do-brasil/

https://apublica.org/2023/08/brasil-teve-julho-mais-quente-dos-ultimos-62-anos/

https://www.brasildefato.com.br/2023/10/04/seca-catastrofica-na-amazonia-ameaca-producao-sustentavel-que-mantem-floresta-em-pe

https://portalamazonia.com/estados/amazonas/saiba-quais-foram-as-secas-recordes-do-amazonas

https://ipam.org.br/el-nino-no-brasil-entenda-efeitos-de-seca-na-amazonia-e-chuva-no-sul/

https://www.terra.com.br/planeta/vendaval-com-mais-de-100-kmh-que-atingiu-sp-nao-e-registrado-ha-quase-30-anos-diz-prefeitura,14130c6003ae52c31da05903ae3378e58c1ci0d5.html

https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2023/10/13/seca-do-rio-madeira-entenda-as-causas-que-levaram-o-rio-ao-menor-nivel-ja-registrado.ghtml

https://certi.org.br/blog/redes-subterraneas-de-energia-eletrica/

 

terça-feira, 9 de maio de 2023

Uma pincelada na história da criação do Estado de Rondônia.

 Uma nova estrela no azul da União.

Foram os bandeirantes (de todas as eras) que desbravando as matas e superando os perigos, acabaram ampliando as fronteiras brasileiras, dando ao país os seus contornos definitivos.

Até o século XVII apenas algumas missões religiosas haviam chegado até a região, onde hoje se encontra consolidado o Estado de Rondônia. A formação do estado teve início no século XVIII, quando os portugueses, partindo de Belém, subiram o rio Madeira até o rio Guaporé e chegaram ao arraial de Bom Jesus (antigo nome da localidade de Cuiabá), onde descobriram ouro. Nesse período, e talvez por conta desse minério, foi construído o Forte Príncipe da Beira, situado as margens do Guaporé, rio internacional e fronteiriço.

Apesar das diversas tentativas de ocupação da região, as cachoeiras existentes nos rios Madeira e Mamoré dificultavam a navegação nessas áreas, o que ensejou fosse criado projeto de ferrovia, visando superar as dificuldades impostas pela natureza, que ligaria a Bolívia com o Oceano Atlântico. Com o boom da borracha devido à crescente demanda da indústria automobilística Americana, fez aumentar o fluxo de nordestinos/seringueiros para a Amazônia Ocidental, com o fito de explorar a cobiçada commodity da época.

O primeiro grande movimento migratório ocorreu por volta de 1877, com nos nordestinos (em virtude da grande seca daquele ano na região), e com o advento da revolução industrial, quando houve uma intensa demanda de borracha natural na Amazônia. No século XIX, fase do ciclo da borracha iniciou-se o povoamento juntamente com a construção da ferrovia Madeira-Mamoré e a exploração dos seringais.

Quatro estágios marcam a sua história: 1. o da E. F. Madeira-Mamoré (1912-1972); 2. o dos Territórios (1943-1981); 3. o da abertura da rodovia 364 (1961), no traçado da linha telegráfica; 4. o Estado, criado em 22 de dezembro de 1981 pela Lei complementar 41.

A primeira fase de ocupação da região foi através dos rios, e posteriormente a estrada de ferro, base do processo de desbravamento e criação dos núcleos urbanos. Estradas eram apenas carroçáveis, sendo fechadas pelas chuvas em grande parte do tempo. Como consequência dessa realidade, as distâncias entre as localidades eram medidas em duração de tempo (tantas horas, ou tantos dias para chegar ao destino, pelos infindáveis meandros dos rios amazônicos).

Marechal Rondon, entre 1907 e 1915, cumpriu instalação de 2.270 km de linha telegráfica com 28 estações, favorecendo a implantação e migração de Rondônia.

Porta de entrada da Amazonia brasileira pela BR 364, a formação do povo rondoniense é outro diferencial: o Estado foi sendo constituído por ciclos econômicos, primeiro o da construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, quando naturais de dezenas de países vieram trabalhar na obra e muitos deles, depois dela pronta, ficaram por essas terras, no mesmo período em que acontecia a primeira corrida do chamado “ouro preto”, a borracha, e vieram as primeiras levas de nordestinos para os seringais; depois o novo ciclo da borracha, na década de 40 quando a Amazônia abasteceu com esse produto às tropas aliadas na 2ª Guerra Mundial e milhares de nordestinos, os “soldados da borracha” foram chegando; em seguida os ciclos da garimpagem do diamante, cassiterita e ouro para, finalmente, entre as décadas de 60 à metade da de 80 ter ocorrido a maior corrida de famílias de todos os Estados brasileiros em busca do novo Eldorado, as férteis terras de Rondônia.

Território Federal do Guaporé

Sua concepção consolidou-se após a visita do Presidente Getúlio Vargas no dia 11 de outubro de 1940, sendo essa a primeira visita de um presidente do Brasil a Porto Velho. O objetivo era permanecer apenas três horas para inaugurar algumas obras: Bairro do Caiarí, Vila Erse, Agência dos Correios e usina de eletricidade. Estendeu sua visita por três dias na cidade.

Criado pelo presidente Getúlio Vargas, Decreto n. 5812, 13/09/1943 com área desmembrada dos estados do Amazonas e Mato Grosso. O Território nasceu composto por 86% de terras pertencentes ao atual Estado do Mato Grosso e 14% das terras do atual Estado do Amazonas. Quatro municípios constituíam o Território Federal do Guaporé: Porto Velho, Lábrea (pertenciam ao Amazonas), Guajará Mirim e Santo Antônio do Alto Madeira (pertenciam ao Estado de Mato Grosso). Em 1944, Lábrea voltou a fazer parte do Estado do Amazonas, e Santo Antônio do Alto Madeira, em 1945, foi incorporado ao município de Porto Velho.

Em 1932 Porto Velho recebia a 3ª Companhia de Fronteiras e os pelotões de Guajará -Mirim e do Real Forte da Beira, e Aluízio Ferreira diretor geral da EFMM – Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, mandou construir o Colégio Barão de Solimões, a vila Caiarí (considerado o primeiro conjunto habitacional do País), trazendo de Belém médicos, professores e outros profissionais. Reconstruiu a linha telegráfica de Vilhena a Porto Velho.

O diretor Aluísio ainda deu início à construção de uma estrada que seguia o traçado da linha telegráfica rumo a Cuiabá; nascia o embrião da rodovia 364.  Instaladas nesse período as estações de Vilhena, Presidente Pena e Cachoeira de Samuel e feitas manutenções das estações de Três Buritis, Barão de Melgaço, Pimenta Bueno, Presidente Hermes, Caritianas, Jaru, Ariquemes, Porto Velho, Jacy-Paraná, Mutum-Paraná, Abunã, Vila Murtinho e Guajará-Mirim.

Major Aloízio Pinheiro Ferreira tomou posse, no Rio de Janeiro/DF, como primeiro governador em 24 de novembro de 1943, porém o Território só foi instalado no dia 29 de janeiro de 1944. Foi governador até 7 de fevereiro de 1946, quando se afastou para concorrer às eleições de deputado federal, tendo sagrado vencedor ao pleito. Foi reeleito em 1950, e após dois mandatos de Dep. Federal foi derrotado em 1954. Disputou sua última e vitoriosa eleição em 1958.

Em 1954 começou a circular o jornal O Guaporé.

O deputado federal mato-grossense Joaquim Vicente Rondon, eleito em 1954, iniciou a elaboração do projeto de lei que mudou o nome do território de Guaporé para Rondônia, em homenagem ao marechal sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon. Em 17 de fevereiro de 1956 o presidente Juscelino Kubitschek assinou a Lei 2.731 - tínhamos constituído o Território Federal de Rondônia.

Território Federal de Rondônia

Não foi à toa que o território recebeu o nome de Rondônia. Afinal, foi a Comissão Rondon que primeiro “desbravou” os sertões do então Mato Grosso e Amazonas, mapeando riquezas, territórios e povos indígenas.

A política dos transportes que se implantou no Território de Rondônia, a partir de 1959, veio alterar de forma substancial o sistema de transportes. Com o surgimento da BR 029 (atual 364), considerada, à época, o “pulmão da Amazônia”, o mais importante tronco rodoviário de Rondônia, que desenvolveu os principais núcleos urbanos do território, deu à Amazônia Ocidental a opção pelo transporte rodoviário e perspectivas de desenvolvimento da região. Em 1968, graças à ação do 5º Batalhão de Engenharia e Construção marcou a consolidação da rodovia que garantiu a ligação permanente com o centro-sul do país, provocando a expansão da fronteira agrícola para Rondônia.

Os surtos migratórios da década de 70 ao longo da BR 364, os garimpos de cassiterita e pedras preciosas (Rondônia, à época produzia 90% da cassiterita comercializada no Brasil), a rápida ocupação do Território com a implantação dos projetos de colonização, acarretou a abertura do INCRA favorecendo grandes extensões de estradas e picadas que exigiam melhor conservação para facilitar o escoamento da produção agrícola e para dar apoio à população desses assentamentos.

Em 1977, pela Lei n. 6448 de 11/10/77, o Presidente Ernesto Geisel criou mais cinco municípios: Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena.

Em 1979, indicado pelo ministro Mário Andreazza, com amplo apoio do presidente João Figueiredo, o coronel Jorge Teixeira iniciou mandato de governador do Território em 10 de abril de 1979 cumprindo-o até 04 de janeiro de 1982, quando da elevação ao status de Estado de Rondônia.

Em 1981 é criado e implantado o Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil – POLONOROESTE, projeto financiado com recursos do Governo Brasileiro e do Banco Mundial tendo como objetivos: promover a adequada ocupação demográfica da região noroeste do Brasil, absorvendo populações economicamente marginalizadas de outras regiões e proporcionando-lhes emprego; aumentar a produção da região e a renda da população e assentar comunidades de pequenos agricultores embasada na agricultura autossustentada, com atendimento básico nas áreas de saúde, educação, escoamento da produção, protegendo a floresta e garantindo a manutenção das terras e das culturas das comunidades indígenas.

Esse mesmo programa alocou recursos para aquisição de equipamentos rodoviários, dotando o recém-criado DER/RO das condições necessárias para ser o condutor da política rodoviária estadual; dos serviços intermunicipais de transporte coletivo; exercer em estradas de rodagem federais situadas no território, as atribuições do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, por conta e delegação deste.

A implementação deste plano teve impulso na gestão do governador Jorge Teixeira, que assumiu o governo com um programa ambicioso de desenvolvimento, transformando o Estado num imenso canteiro de obras.

Estado de Rondônia e sua atipicidade

A não dependência exclusiva do rio, com o incremento da rodovia 364 para a sua sobrevivência faz de Rondônia um Estado atípico na Amazônia, e se levado em conta sua formação (partes dos Estados de Mato Grosso e Amazonas), além de ser a única unidade da federação fruto de um tratado internacional – a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré para que a borracha da Bolívia tenha acesso aos mercados banhados pelo Oceano Atlântico. Pelo acordo, o Estado do Acre é incorporado ao Brasil.

Desde a elevação de Território para Estado de Rondônia sua população mais que triplicou. Passou de 590 mil habitantes (dezembro de 1981) para mais de 1,8 milhão (dezembro de 2021).

Rondônia foi o único Estado no qual o projeto de reforma agrária definido para expansão da fronteira agrícola em direção ao Norte surtiu positivo – deu um salto rumo ao desenvolvimento sustentável com sua força no campo, no agronegócio.

A vinda de grandes levas de mineiros, capixabas, paranaenses, gaúchos, mato-grossenses, e nordestinos atraídos pelo modelo de reforma agrária nas décadas de 1970-80, deflagraram o processo de colonização e contribuiu para definir a matriz da agropecuária de Rondônia, por meio de processos de assentamento rural implantados pelo INCRA e a criação de Núcleos Urbanos de Apoio Rural, que deram origem à maioria dos municípios do interior.

https://portalamazonia.com/estados/rondonia/40-anos-de-rondonia-estado-ja-foi-apelidado-de-eldorado-e-canaa-brasileira

O principal modal de transportes de Rondônia são as hidrovias, com destaque para a hidrovia do Madeira, sendo um dos importantes vetores de transporte da produção agrícola do Estado.

O transporte rodoviário conta com 22.433 Km de rodovias, dos quais 1.803 km são federais, 4.289 km são estaduais e 16.341 km são municipais. Seus atuais 52 municípios são atendidos por essas malhas viárias.

A relevância de Rondônia no cenário de agronegócio nacional é potencialmente marcante para os próximos anos na pecuária, piscicultura, sojicultora e a cafeicultura, entre outras. Houve um grande avanço desde a criação do Estado, mas há muito ainda a desenvolver. Entre outros casos de sucesso, o cultivo da soja saltou de 12 mil hectares para 350 mil hectares, com possibilidade de, nos próximos cinco anos, chegar a 3 milhões de hectares. Para o desenvolvimento econômico-sustentável dos municípios e regiões de Rondônia é preciso focar em nossa saída para o Oceano Pacífico, a duplicação da BR-364, e a Hidrovia do Rio Madeira, (palestra do TCE, Conselheiro Benedito Alves, agosto de 2017).

Os cinco países que mais compram produtos e aquecem o agronegócio regional são a Turquia, China, Espanha Hong Kong e Holanda. Rondônia exporta carne fresca e congelada, soja, milho, algodão, madeira entre outros produtos para Coréia do Sul, Itália, Vietnã, Índia, China, Espanha, Israel, Alemanha, Rússia, Portugal, Egito, México.

A soja é o grão carro-chefe da pauta de exportações, o segundo produto é a carne bovina reconhecida pelas missões internacionais de inspeção como de boia qualidade e produzida agora em área com status livre de vacinação para a febre aftosa. É um dos grandes produtores nacionais de café, exporta madeira, comercializa minérios de cassiterita, nióbio, tântalo, vanádio.

Concluo: criado em 1.943, pelo presidente Getúlio Vargas, completa no momento 80 anos de desmembramento como área autônoma no contexto brasileiro. Dentre os mais recentes recém-instalados estados do Brasil, Rondônia desponta célere para uma invejável posição de destaque, com o menor índice de desemprego do país, com um aumento exponencial na produção agropecuária, e principalmente como o estado/laboratório brasileiro onde a reforma agrária conseguiu atender (e superar) a expectativa pelo qual foi concebido.

Teria sido o modelo de governo implantado, com a liderança personalíssima de Jorge Teixeira de Oliveira, o grande diferencial que marcou o sucesso de um grande sonho dos Executivos do Palácio do Planalto? Uma investigação político-administrativa a ser aprofundada.

Por Edson Silva, 09 de maio de 2023.

Fonte de consulta

https://www.newsrondonia.com.br/noticia/63083-territorio-federal-do-guapore

https://transparencia.der.ro.gov.br/Institucional/Historico

https://rondonia.ro.gov.br/historia-de-rondonia-aluizio-ferreira-o-1o-governador-do-guapore-salvou-o-trem-e-enfrentou-o-cangaco-no-sertao/

https://rondonia.ro.gov.br/diof/sobre/historia/

https://tcero.tc.br/2017/08/31/vocacao-economica-dos-municipios-de-ro-e-realcada-durante-encontro-tecnico-do-profaz/

https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/centrais-de-conteudo/ro-2000-pdf#:~:text=O%20transporte%20rodovi%C3%A1rio%20do%20estado,421%2C%20425%2C%20e%20429.

https://rondonia.ro.gov.br/municipios-mais-populosos-de-rondonia-aparecem-no-radar-do-agronegocio-e-aquecem-as-exportacoes-para-asia-e-europa/#:~:text=Rond%C3%B4nia%20exporta%20carne%20fresca%20e,Egito%2C%20M%C3%A9xico%2C%20entre%20outros.

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Governador Jorge Teixeira - o gaúcho apaixonado pela Amazônia.

 “Teixeirão”, guerreiro de selva, o líder certo, na hora certa para Rondônia.

Na mitologia grega, encontramos Midas, rei que tudo que tocava transformava em ouro. Hoje essa expressão “toque de Midas” é utilizada para pessoas que tem a habilidade de fazer tudo que assumem tornar próspero.

Toque de Midas - seria esse o mais destacado dom que Deus habilitou o homem Jorge Teixeira de Oliveira? Destaco alguns de seus momentos em nossa Amazônia e juntos, com sua leitura faremos essa reflexão de reconhecimento desse ser humano - hábil, sábio e cumpridor de suas missões.

Jorge Teixeira de Oliveira - filho de Adamastor Teixeira de Oliveira e Durvalina Estibem de Oliveira, nasceu em 1 de junho de 1921 em General Câmara/RGS. Casou-se com Aida Fibiger de Oliveira com quem teve o filho Rui Guilherme F. Teixeira de Oliveira e Tsuyoshi Myamoto (adotivo). Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 28 de janeiro de 1987.

“Sou um homem muito simples e vivo em termos de missão” (12.12.81, Teixeirão).

https://www.emrondonia.com/artigos/centenario-de-teixeirao-conheca-a-historia-do-governador-mais-popular-de-rondonia/

Trajetória

Formado Aspirante a oficial na Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN – em 1947. Foi o primeiro comandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS); o primeiro comandante do Colégio Militar de Manaus; entrou para a Reserva do EB em 1973; nomeado Prefeito de Manaus em 1975, administrou a capital até março de 1979; nomeado Governador do Território Federal de Rondônia em abril de 1979, pelo então Presidente João Figueiredo, recebendo a missão de transformá-lo em Estado, o que aconteceu em 22 de dezembro de 1981 (Lei Complementar n. 41). No dia 15 de maio de 1985 passou o governo do Estado de Rondônia para o dep. Estadual Ângelo Angelin.

Carreira Militar

Primeiro paraquedista militar brasileiro a saltar de um avião a jato; instalou três (3) unidades do Exército brasileiro: (1) o embrião do 7º Grupo de Artilharia em Olinda/PE, (2) o Centro de Instrução de Guerra na Selva em Manaus, (3) o Colégio Militar de Manaus. Criou ainda o Círculo Militar de Manaus, sendo seu primeiro presidente.

CIGS

Tendo por patrono o Cel Art. Jorge Teixeira de Oliveira foi criado o CIGs em 02 de março de 1964, pelo Decreto n. 53649, sendo nomeado seu primeiro comandante o Major de Artilharia Jorge Teixeira de Oliveira. Em outubro de 1970 passou a designar-se Centro de Operações na Selva e Ações de Comandos, com a missão de ministrar cursos de Operações na Selva e de Ações de Comandos. O primeiro curso de Guerra na Selva funcionou no ano de 1966.

Como primeiro comandante do CIGs, TEIXEIRÃO, como o chamavam, formou o núcleo inicial de recursos humanos com uma equipe de militares enviados ao Panamá, onde se tornaram os primeiros “jungle experts brasileiros” no Jungle Operations Training Center.

SELVA ! – a ele se deve esse brado. O CIGs não dispunha de ficha de serviço de viatura em seus primeiros dias, o que levava a sentinela a perguntar o destino das viaturas que saiam do quartel. Quase sempre recebia uma resposta apressada e lacônica – SELVA! – era o seu destino. A resposta curta, tão repetida, fez-se saudação espontânea e vibrante, alastrou-se, expandiu o seu significado, ecoou por toda a Amazônia, contagiando a todos com o mesmo ideal.

Reconhecendo a importância do trabalho pioneiro do “TEIXEIRÃO”, O Exército Brasileiro concedeu ao Centro de Instrução de Guerra na Selva – CIGs, a denominação histórica de Centro Coronel Jorge Teixeira. É uma justa homenagem àquele que legou às gerações posteriores uma escola militar ímpar, considerada a melhor escola de guerra na selva do mundo.

CMM

Criado no governo do presidente Emílio Garrastazu Médici, pelo Decreto-Lei 68.996/71 o Colégio Militar de Manaus inaugurou suas atividades em 7 de abril de 1972, tendo como idealizador e primeiro comandante o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, tendo ficado na função de Diretor-comandante até sua passagem para a reserva em 1973.

Prefeito de Manaus

Foi o prefeito de n. 62, pela ARENA. Seu estilo arrojado de trabalho o conduziu à Prefeitura de Manaus (1974-1979), nomeado pelo Presidente Ernesto Geisel, quando tirou a capital amazonense do marasmo, em pouco tempo transformando-a em uma moderna e bonita Metrópole.

Em sua gestão como prefeito demonstrou ser um líder carismático e estimulou a população para os avanços da cidade que despontava com o surgimento da Zona Franca de Manaus.

Governador do Território Federal de Rondônia

Instalou-se em Rondônia em 10 de abril de 1979, nomeado pelo presidente João Figueiredo, com a missão de preparar o Território Federal em Rondônia em Estado. A tarefa do novo governador nomeado era preparar administrativa, econômica e politicamente o território federal para alcançar o status de estado federativo. Novos núcleos de colonização surgiam ao longo da BR 364, e para áreas interioranas do território. O censo demográfico de 1980 demonstrou que Rondônia havia crescido em proporções muito maiores do que havia sido previsto. O crescimento das receitas e da economia, o desenvolvimento da agricultura, o impulso ganho pela pecuária, a indústria madeireira tomando corpo com o aproveitamento da abertura da floresta, colocava Rondônia nos noticiários nacionais como novo celeiro do Brasil.

Nesse período a abertura de novas estradas impulsionou a agricultura e criou municípios: Colorado do Oeste, Espigão D’Oeste, Presidente Médici, Ouro Preto do Oeste, Jaru, Costa Marques. Construção da Esplanada das Secretarias e criação de instituições que deram base estrutural para criação de um novo estado. Formou uma equipe de assessores técnicos compostas por profissionais de nível superior e multidisciplinar. Priorizava na equipe pessoas determinadas e ágeis que acompanhavam seu perfil de cumpridor de missões.

Ainda assim, perdurava um problema básico – geração de energia elétrica, que foi resolvido após a segunda metade do ano de 1980, com a inauguração da Hidrelétrica de Samuel, apesar de extensas áreas no interior continuarem sofrendo de racionamento de energia elétrica.

Em meados de 1981 as metas previstas para a transformação do Território em Estado de Rondônia haviam sido atingidas, e algumas até ultrapassadas, assim sendo proposto pelo Ministério do Interior ao Presidente João Figueiredo a elevação de Rondônia a categoria de Estado.

Em 17.08.81 o Executivo Federal encaminha ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Complementar 221, que foi aprovado em 22 de dezembro de 1981 como Lei Complementar 41/81, que criava o Estado de Rondônia – Missão cumprida, governador coronel Jorge Teixeira.

Governador do Estado de Rondônia

A instalação do Estado de Rondônia deu-se em 04 de janeiro de 1982, sendo nomeado o coronel Jorge Teixeira como seu primeiro governador. A posse aconteceu no mesmo dia e seus primeiros atos, a estruturação do Judiciário e a criação do Tribunal de Contas do Estado. A transformação em Estado e o surto migratório intensos permitem entender a rápida criação de novos municípios.

Nas eleições de 15 de novembro de 1982 foram eleitos os primeiros eleitos pelo voto popular (3 senadores, 8 deputados federais, e 24 deputados estaduais). A maioria dos eleitos tinham o apoio político de “Teixeirão”, que se revelou um grande líder político.

Construiu escolas na capital e municípios e instituiu a Universidade Federal de Rondônia, interiorizando o Ensino Superior para Ariquemes, Guajará-Mirim, Cacoal, Ji-Paraná, Presidente Médici, Rolim de Moura e Vilhena; constituiu a Companhia de Mineração de Rondônia, para organizar o setor de minerário; criou o Banco do Estado de Rondônia, para ser o agente financeiro de fomento do desenvolvimento regional; construiu hospitais e unidades especializadas de saúde; iniciou o projeto de construção da usina Hidrelétrica de Samuel; apresentou o projeto e iniciou a execução do asfaltamento da rodovia BR-364, determinante para o progresso e crescimento regional, facilitando o transporte rodoviário e favorecendo o fluxo de importação e exportação, ligando o Estado do Acre aos demais estados da União. Instalou o sistema telefônico por discagem a distância; Criação do Polonoroeste, financiado pelo governo federal e Banco Mundial.

Para consolidar Rondônia, o Estradeiro da Floresta no célebre helicóptero Trovão Azul, viajava por todo o estado, pousando e decolando até em campos de futebol. Precisava vistoriar obras em diversas frentes, e não poupava assessores em visitar até cinco municípios num só dia.

Jorge Teixeira, por Jorge Teixeira

Administrador, apolítico, ao estilo das intenções militares modernizantes-conservadoras, modo de agir emocional, muitas vezes transbordantes. Partidário da presença do tecnocrata na política e na administração do Estado, devido ao caráter neutro que esse apresenta em prol do desenvolvimento do país.

Como os demais militares, ocupa função política apenas por ser necessária a organização do país, mas está convencido de que não são políticos e sim militar no poder no Brasil, e quando o país estiver preparado devolvem pouco a pouco o poder para os verdadeiros donos da função - os políticos. A presença do militar é essencial para a modernização do Brasil, principalmente na região norte, em pouco espaço de tempo.

Homenagens pela figura militar

O Exército Brasileiro - EB, comemora em 1 de junho o dia do Guerreiro de Selva, data de nascimento do coronel Jorge Teixeira;

O EB nomeou Centro Coronel Jorge Teixeira ao Centro de Instrução de Guerra na Selva - CIGs, em Manaus.

Homenagens pela figura política

Em Manaus, um dos maiores bairros da cidade recebe seu nome, também praças levam seu nome; bairro Teixeira em Parintins/AM.

Em Rondônia, a Assembleia Legislativa concedeu-lhe o título de cidadão honorífico e aprovou a criação dos municípios de Jorge Teixeira e Teixeirópolis - entrou para a história, virou mito; uma das principais avenidas da cidade de Porto Velho recebe seu nome; ao Aeroporto Internacional Gov. Jorge Teixeira em P. Velho; bairro Teixeirão em Porto Velho e em Cacoal; ginásio poliesportivo Jorge Teixeira de Vilhena.

Concluo: um homem importante para a história de Rondônia, liderança de personalidade forte e contraditória, representou com marcante galhardia os interesses modernizadores dos militares para o desenvolvimento econômico, social e político da região amazônica, nos anos 70 e 80.

Duas importantes lideranças político-militares, coronel Jorge Teixeira e marechal Cândido Rondon, marcaram a história da consolidação político-administrativa do Estado de Rondônia no século 21. Estabeleceram marcos, estruturaram a geopolítica regional, assentaram a soberania desse rincão nacional. Ambos, homens cumpridores de missão, que abriram portas para um trabalho político que a sociedade rondoniense é ávida por aperceber-se.

Quiçá identifiquemos homens com vocação política que vejam nesses dois líderes arquétipos a ser seguidos.

Por Edson Silva, 28 de abril 2023.

Fontes bibliográficas

https://www.gentedeopiniao.com.br/colunista/anisio-gorayeb/jorge-teixeira-de-oliveira

https://cigs.eb.mil.br/materia/556-trinta-e-um-anos-de-falecimento-do-coronel-jorge-teixeira.html

https://cigs.eb.mil.br/index.php/o-cigs

https://www.emrondonia.com/artigos/centenario-de-teixeirao-conheca-a-historia-do-governador-mais-popular-de-rondonia/

https://www.tudorondonia.com/noticias/a-criacao-do-estado-de-rondonia-marco-antonio-domingues-teixeira-e-dante-ribeiro-da-fonseca-,39.shtml#:~:text=A%20instala%C3%A7%C3%A3o%20do%20Estado%20deu,Contas%20do%20Estado%20de%20Rond%C3%B4nia.

http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364929577_ARQUIVO_PaolaForoni.pdf

https://rondonia.ro.gov.br/historia-de-rondonia-ultimo-governador-do-territorio-e-primeiro-do-novo-estado-jorge-teixeira-plantou-cidades-e-virou-mito/