El Niño, efeito devastador nos climas e temperaturas no Brasil.
Nas últimas décadas muito se tem
visto que afeta a normalidade do ser humano no planeta Terra. A população
mundial já ultrapassa 8 bilhões de pessoas. Seria esse montante populacional
não experimentado anteriormente o causador das catástrofes anunciadas.
Numerosos “experts defensores da
natureza” (tipo Leonardo DiCaprio, Greta Thunberg, e milhares de ONGs) imputam ao
Brasil e ao brasileiro problemas afetos às mudanças climáticas, apostando na
falta de informação do nacional. Importante que busquemos dados que combatam
desinformações e má intenção de órgãos que não se envergonham de “marcar gol
contra”.
O brasileiro acompanhava pela
mídia esses fenômenos acontecerem em outros continentes. Mas “esses acidentes”
parecem terem chegado na “casa brasilis”.
2023 tem sido um ano marcado por
esses “incômodos climáticos”. São fenômenos naturais cíclicos? São atividades
antrópicas? A ocorrência deles é pontual? Foram casos fortuitos? Como podemos
nos precaver?
Mudança climática –
transformações de longo prazo nos padrões de temperatura e clima. Podem ser
naturais, mas desde o século 18 ações antrópicas (mãos do homem) tem sido a
principal causa, em especial por causa da queima de combustíveis fósseis
(carvão, petróleo e gás), que produzem gases que retém o calor (fonte, Nações
Unidas).
De acordo com Nota Técnica do CEMADEN
– Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, os Oceanos
Pacífico Norte e Atlantico Tropical apresentam temperaturas acima de 2ºC a 4ºC.
Assim o fenômeno El Niño está ocorrendo em meio a um contexto de elevado
aquecimento oceânico em nível global. Essa combinação é explosiva no sentido de
agravar muito a seca. Esse fato, sem precedentes, não permite prever o que vai
acontecer até o outono de 2024, em especial na Amazônia, que tem em suas vias
fluviais o meio de transporte (passageiros e de carga) por excelência de seus
habitantes.
Aquecimento global, suas
causas
Geração de energia – a maior parte da eletricidade ainda é
produzida por combustíveis fósseis, somente ¼ vem de vento, sol e outras
fontes renováveis. |
Fabricação de produtos – fábricas e indústrias produzem emissões
por causa da queima de combustíveis fósseis para produção de cimento, ferro,
aço, eletrônico, plástico, roupas e outros bens. Mineração e outros processos
industriais também liberam gases. |
Derrubada de florestas – árvores quando cortadas liberam o
carbono que estava armazenado. Preservadas, florestas absorvem dióxido de
carbono. |
Fonte,
Nações Unidas
Quadro Climático, Brasil 2023
A Universidade de Colúmbia nos
EUA apresentou projeções trimestrais de anomalia de precipitação para a América
do Sul, até abril de 2024, em que se constata a tendência muito clara de um
sinal invertido da chuva no território brasileiro com excesso mais ao sul e
chuva abaixo da média no Norte e Nordeste do Brasil.
Nesse diapasão o restante desta
primavera e todo o verão de 2024 ainda terão a presença do El Niño (projeção da
agência de clima norte-americana). A transição para uma fase de neutralidade,
com o fim do episódio de El Niño de 2023/2024, somente se daria durante o
outono do próximo ano, em meados de abril e maio.
Seca severa na Amazônia |
Calor extremo no Sudeste e Centro-Oeste |
Chuva recorde no Sul |
O Brasil teve o mês de julho mais quente em 62 anos. É o que indicam dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que a Agência Pública acessou. O resultado é o maior desde 1961, quando começaram as medições nas estações do órgão, e reflete uma situação que ocorreu em todo o mundo: um recorde de calor. Para o planeta, o mês foi o mais quente do registro histórico.
As áreas que registraram maior
aumento foram o sul da Amazônia, o Centro-Oeste, Sudeste e o Sul. Seria um
processo natural, mas temos notado um aumento progressivo das temperaturas no
inverno nos últimos 15 anos. A substituição de áreas verdes por edificações, é
um dos exemplos que contribui para o aquecimento (Danielle Barros,
meteorologista do Inmet).
O recorde de calor registrado em
julho de 2015 ocorreu em um ano com forte El Niño – o fenômeno de aquecimento
da água superficial no Oceano Pacífico. Ele é o responsável por gerar grandes
alterações no clima, por exemplo, nas temperaturas e no regime de chuvas. Nesse
ano o retorno do El Niño poderia explicar o novo recorde de calor. Para o
planeta, piora um cenário já alterado pelo processo de aquecimento global. Na média, o mundo já está 1º C mais quente do
que no período pré-revolução Industrial.
A previsão do Inmet aponta para
um aumento para os três meses posteriores a julho nas temperaturas médias entre
1 e 1,5 º C, principalmente no Norte e Centro-Oeste.
Na bacia do Amazonas, a maior
seca já registrada foi em 2010, quando havia a mesma configuração climática – o
Atlântico tropical norte muito quente e parte do Pacífico e do Atlântico muito
aquecidos estão gerando essa catástrofe.
El Niño
El Niño, fenômeno climático
natural que aquece as águas do Oceano Pacífico, e o aquecimento global,
provocado pela ação humana. Tem uma probabilidade muito grande desse El Niño
continuar nos próximos meses e até para o próximo ano.
Em geral, com o El Niño, os
invernos são mais quentes na região centro-oeste, sudeste e sul da Amazônia. Em
2005 também ocorreu importante seca na região amazônica, associada ao
aquecimento do Atlântico (mas não com temperaturas tão elevadas da superfície
dos oceanos quanto a de 2023).
No Norte do Brasil a
principal manifestação do efeito desse fenômeno se dá pela seca
que assola a região amazônica. Em 2023, o nível do Rio Negro chegou a 12,80
metros no porto de Manaus, o menor desde que começaram as medições
em 1902. Anteriormente, a cota mais baixa foi registrada em 2010, com
13,63 metros, em uma estiagem que provocou estragos devastadores na região.
A maior cota se deu em 2021, quando o nível do rio atingiu
a marca de 30,02 metros.
2023 |
12,80 metros |
2010 |
13,63 metros |
2005 |
14,75 metros |
2015 |
15,92 metros |
2020 |
16,60 metros |
2016 |
17,20 metros |
Maiores secas registradas
Foto contribuição Leandro Faraldo - Réguas Rio Madeira, Porto Velho
No maior afluente do Rio Amazonas, o Rio Madeira entrou em estado de alerta, ao atingir nível histórico de seca, chegando a medir 1,10 m no mês de outubro (Boletim de Monitoramento Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil), em que a agência justifica “o Dipolo do Atlantico, que seria essa gangorra de aquecimento/resfriamento das águas do Atlantico tropical, é um fenômeno natural, porém não se descarta que o aquecimento global cause alterações nesse fenômeno”. A cota mínima do Rio Madeira é a pior em Porto Velho nos 56 anos de medições, diz ANA.
No Centro-Oeste e no Sudeste,
o calor extremo quebrou recordes na primavera 2023 em duas ondas
de calor, segunda quinzena de setembro (45ºC no interior de São Paulo, e com
Belo Horizonte/MG registrando 38,6ºC, sua maior máxima desde 1910), e segunda
metade de outubro, quando Cuiabá teve a maior máxima desde o início dos
registros com 44,2ºC, superando o recorde anterior da onda de calor de 2020 (44ºC).
A cidade de São Paulo não registra rajadas de vento com mais de 100 km/h, como a que atingiu a capital na tarde desta sexta-feira, 03/11/23, desde 1995. Só no parque Ibirapuera caíram 128 árvores. Com 1,4 milhão de usuários na capital a Enel afirma ter normalizado a energia de 400 mil (domingo 05/11). Foi um evento extraordinário, que exige ações extraordinárias de reconstrução de parte da rede.
No Sul, excesso de
chuva. Porto Alegre registrou em setembro o mês mais chuvoso de sua
história climática, com registros desde 1910. O acumulado mensal foi de 447,3
mm, superando os 405,5 mm de maio de 1941. Com a enchente do Vale do Taquari o
RS teve o maior desastre natural em vítimas desde 1959, com um saldo oficial de
51 mortos.
No mês de setembro, as chuvas chegaram com mais intensidade no RS. Em outubro o estrago maior alcançou o Paraná e Santa Catarina. A média de chuvas para outubro em Curitiba é de 144 mm, nesse outubro 2023 choveu 559,8 mm.
No Oeste do PR, as cheias do Rio
Iguaçu modificam o cenário de uma de suas principais atrações, as Cataratas do
Iguaçu. Por medida de segurança, a passarela que dá acesso ao mirante da
Garganta do Diabo permanece interditada.
O feriado prolongado de Finados
está sendo marcado por chuvas intensas no Sul do país. Segundo o Inmet, até
domingo, os ventos associados ao ciclone vão impactar com rajadas em torno de
100 km/h (RS). Em relação ao volume de chuvas pode passar dos 100 mm/24h no
norte do RS, centro-oeste de SC e sudeste do PR.
Concluindo
Como o El Niño impacta o Brasil
de formas diferentes, na Amazônia, norte do cerrado e no semiárido com secas
pronunciadas e mais prolongadas, as atenções devem ser com um controle do uso
do fogo - PREVENÇÃO; no Sul e Sudeste, afetados pelas tempestades e chuvas
torrenciais as atenções devem estar voltadas para os riscos de desabamentos,
deslizamentos, alagamentos.
O correto na gestão de desastres
é promover a cultura da prevenção, a cultura do risco, a educação das pessoas
para o risco e pensar como nos adaptaremos a essas novas situações que estamos
vivendo. Não há uma política de adaptação às mudanças climáticas estabelecida
no Brasil, em nenhuma das esferas de poder, quer federal, estadual ou municipal
(Ayan Fleischmann, Instituto Mamirauá).
As políticas públicas devem focar em medidas de planejamento de prevenção e adaptação, reforçando a infraestrutura para que os cidadãos não sejam atingidos de uma forma muito dura.
Que esforço temos visto nossas
autoridades empregando para informar e minimizar esses problemas que tendem a
ser uma constante na vida do brasileiro? A academia tem levado esse assunto
para os bancos escolares na formação dos profissionais do futuro?
Caso entenda relevante, e
necessário, para as gerações futuras envie para seus representantes políticos das
três esferas (municipal, estadual e federal). Não espere aprofundar essa crise.
Por Edson Silva,
Eduardo Lysias
de Oliveira e Silva, 06/11/2023.
Fontes de consulta
https://metsul.com/el-nino-vai-seguir-baguncando-o-clima-de-norte-a-sul-do-brasil/
https://apublica.org/2023/08/brasil-teve-julho-mais-quente-dos-ultimos-62-anos/
https://portalamazonia.com/estados/amazonas/saiba-quais-foram-as-secas-recordes-do-amazonas
https://ipam.org.br/el-nino-no-brasil-entenda-efeitos-de-seca-na-amazonia-e-chuva-no-sul/
https://certi.org.br/blog/redes-subterraneas-de-energia-eletrica/
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