Mestre em Ciências da Saúde, UnB; Auditor ISO 14.000; Auditor CONAMA 306; Pesquisador Saúde Pública

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Desde muito cedo despertei o interesse para entender o sentido de “Gigante pela própria natureza” inscrito em nosso belo Hino Nacional Brasileiro. No meu pequeno mundo isso tinha formato de um sonho. Sempre acreditei que o trabalho produziria um Futuro que espelha essa grandeza. Entretanto, não poderíamos esperar “Deitado eternamente em berço esplendido”. Então, me debrucei sobre os livros e outros informes. A história da expansão territorial do Brasil ainda tem sido pouco pesquisada por nossa historiografia, apesar da importância estratégica e atual que reveste a questão. O potencial dos seis Biomas do Brasil nos credencia a produzir alimento para parte significativa dos 195 países do globo. Certo que temos problemas maiúsculos na seara da saúde de nosso povo, saúde primária, saúde regionais, saúde provenientes de epidemias e pandemia novo coronavírus. Nada que planejamentos estratégicos, planos de governo e planos de estado, com boa vontade e união de governantes não possam resolver.

domingo, 18 de dezembro de 2022

Neocolonialismo contemporâneo, um colonialismo com nova roupagem?

 Movimento ambientalista, desenvolvimento e justiça social

O impulso desenvolvimentista que motivou as causas ambientalistas deu seus primeiros passos no pós-Guerra 1945, reflexo da orientação anticolonialista do presidente norte americano Franklin Roosevelt (1933-1945), antes e durante a guerra. Em suas conferências com o primeiro-ministro inglês Churchill e as lideranças britânicas, a partir de 1940, Roosevelt deixou claro que a participação dos EUA no conflito e a reconstrução do pós-guerra estariam condicionados ao desmantelamento de todos os impérios coloniais europeus e ao estabelecimento de uma nova ordem de Estados nacionais plenamente soberanos e com direitos ao desenvolvimento integral de seus povos. Muito claro que a proposta não era do agrado da oligarquia britânica, muito menos de outras potências colonialistas.

Com a morte de Roosevelt, em abril de 1945, a pretendida reconstrução dentro da ordem e da paz pretendida pelo seu idealizador, caiu sob a influência do confronto Leste-Oeste, nossa conhecida Guerra Fria.

Colonização - é um tipo de dominação na qual a relação que se estabelece entre os dois polos é de completa dominação do colonizado pelo colonizador. Um processo pelo qual os seres humanos ocuparam novos territórios, tendo por objetivo a habitação ou a exploração de recursos.

Colonização na idade moderna

Aqui vamos nos ater aos povos mais próximos de nossa formação, deixando claro que esse processo de colonização/exploração se deu com violência e extermínio dos povos nativos. 

O período se inicia no final do século XIV, com o crescimento econômico de países europeus e asiáticos. Esse período caracterizou-se, em geral, pelo uso da violência e dominação dos povos nativos. A colonização europeia, que abrangeu a maior parte do mundo, tinha como principal motivação a busca por mercadorias para comercialização e metais preciosos.

As principais nações colonizadoras da Europa foram: Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda (início do século XV até século XIX).

Os espanhóis, como os portugueses, tinham como objetivo a obtenção de metais preciosos e a exploração de produtos tropicais. Grande parte da mão de obra escrava nas colônias espanholas era indígena, que era subjugada pela catequização.

Colonização do Brasil

Apesar da chegada dos portugueses em 1500, somente em 1531 efetivamente iniciou o processo, motivado por três preocupações que os patrícios começaram a sentir: 1. Queda no lucro do comércio no Oriente; 2. Ameaça de invasores; 3. Expansão da Igreja católica.

Essa colonização foi marcada pelo uso da violência e trabalho escravo. Os indígenas que sobreviviam à violência eram utilizados como mão de obra escrava, mais tarde acrescida com os negros trazidos da África. Os escravizados, indígenas e negros, foram utilizados nos engenhos de açúcar, iniciando esse ciclo do açúcar em 1530 que se estendeu até meados do século XVIII.

Foram criadas 15 capitanias e cedidas a 12 donatários (1502-1549). Em seguida tomou forma uma nova forma de organização centralizada – Governo Geral. O fim do sistema de governos gerais encerrou com a chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808.

Neocolonialismo verde

É na Guerra Fria, conflito Leste Oeste pós Segunda Guerra Mundial, ambiente artificialmente criado por “engenheiros sociais” do Establishment oligárquico, que surge o movimento ambientalista de massas, com o principal propósito de impor a falaciosa ideia da impossibilidade física de que todos os países do mundo possam desfrutar de elevados níveis de desenvolvimento e justiça social. Como a ideia não poderia ser imposta de forma externa ou à força, era preciso que suas próprias vítimas a internalizassem em seu próprio arcabouço mental sob uma forma disfarçada e mais “palatável”. Temos, assim, um colonialismo de um novo tipo, que se reconheça, é bem mais eficiente que o modelo tradicional, porque força os indivíduos subjugados a organizar-se contra os interesses da própria nação, bastando ao novo poder colonial difundir e canalizar os conceitos e crenças que alimentam as mentes colonizadas.

https://outraspalavras.net/outrasmidias/tecnoutopias-libertacao-ou-armadilha-neocolonial/

Os propósitos dessa nova forma de colonialismo parecem nada se diferir do anterior: o controle de recursos das fontes de recursos naturais estratégicos como minerais, fontes de energia e alimentos, e o bloqueio do crescimento populacional e do desenvolvimento dos povos submetidos ao processo, impedindo-os de competir pelo uso de seus próprios recursos naturais limitados, dentro do conceito de escassez, que está na raiz do ambientalismo. Estabelecendo reservas naturais e indígenas de grandes dimensões, dificultam ou impossibilitam, tanto a exploração dos recursos naturais nela existentes, como a implementação de projetos de infraestrutura, principalmente energéticos e viários. Com isso logra-se um controle geopolítico sobre vastos territórios que, embora permaneçam formalmente sob a soberania dos Estados, na prática seu destino fica atrelado a desígnios externos de entidades supranacionais.

Assim, em lugar de tropas de ocupação, de manutenção onerosa e politicamente insustentável, os velhos centros coloniais passaram a mobilizar uma série de “forças irregulares”, como fundações e ONGs engajadas em causas tornadas populares.

As ONGs influenciam a sociedade principalmente através da mídia, meio pelo qual estimulam a conscientização sobre a preservação da natureza, para estas e as futuras gerações. Exercem sua influência sobre as Organizações Internacionais - OIs, onde conquistam cada vez mais espaço e colaboram com o fornecimento de dados obtidos através de pesquisas realizadas por seus membros, atuando com status consultivo. Também influenciam os Estados, principalmente através de pressões, para que estes invistam recursos na proteção ambiental, de modo a alterar as normas internacionais sobre o meio ambiente.

Escreve Rafael Duarte Villa, 2001, “esses atores transnacionais, não contando com meios específicos de força, tendem a colocar como barganha a influência, i. é, organizam a criação de um consenso transnacional em torno do fim procurado, de modo a gerar diferentes demandas ao subsistema interestatal, servindo-se de meios variados (modernos recursos de telecomunicações, passando pelas ações de efeitos, nas quais se especializaram os grupos ecológicos, até os apelos à retórica, que lhes permite o espaço aberto pela institucionalização de algumas ideias social-filosóficas, como “desenvolvimento sustentável” ou “herança comum da humanidade”.

Continua Villa, “existem métodos de ação amplamente utilizados pelas ONGs para influenciar e pressionar os Estados a agir na defesa do meio ambiente: sensibilizar a opinião pública, para que exerça pressão sobre os responsáveis pela decisão e execução de projetos e políticas, e ação direta, que consiste muitas vezes na execução de ações nos próprios lugares onde se desenvolvem os projetos considerados não-procedentes.

Guido F. S. Soares, 2003, transcreve: “em 1972 na Conferência de Estocolmo, as ONGs ganharam espaço extraordinário na mídia mundial e passaram a impor-se com pujança e destemor, por vezes opondo-se aos representantes oficiais dos Estados nas reuniões internacionais, com a nítida convicção de representar a opinião pública do cidadão do mundo diante dos Estados, já que elas, as ONGs, são importantes fatores de formação e conscientização pública mundial sobre as questões ambientais internacionais.

Origem das ONGs – Organização Não Governamental

O termo ONG só começou a ser utilizado na década de 1940 pela ONU, no contexto do final da Segunda Guerra Mundial. Nos anos 1970 assumiram características de organizações privadas na luta por direitos sociais. Na década de 1990 aconteceu uma expansão das ONGs com o aumento na formação de parcerias e voluntariado. A partir daí ganharam força e visibilidade como organizações que atuam complementando a atuação do Estado nos projetos sociais. Nessa década, no Brasil, em um contexto de privatização e dificuldade de acesso a direitos básicos, as ONGs ganharam mais força na busca pelo bem-estar, chegando a receber recursos públicos para assumir parte das funções do Estado. Em 2021, já existem cerca de 237.000 Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil.

São associações civis, com objetivos específicos, através dos quais a sociedade se organiza e influencia os Estados a efetivarem determinadas demandas, podendo agir em âmbito nacional ou global. Se caracterizam por ser independentes do Estado, não possuir fins lucrativos e perseguir objetivos bem definidos. As ONGs ambientais encontram respaldo internacional, pelo fato de a proteção do meio ambiente ter um fim globalmente almejado, sendo inclusive um dos objetivos propostos pela ONU.

Embora não possuindo capacidade jurídica para celebrar tratados internacionais, são sujeitos influentes nas relações exteriores e se mostram cada vez mais atuantes.

Dentre inúmeras ONGs internacionais de proteção ambiental, destacam-se a UICN, a WWF e o Greenpeace. Na atualidade, são as ONGs que mais participam das relações internacionais, influenciando a opinião pública e propondo modificações no direito internacional ambiental, sempre na defesa dos recursos naturais.

Greenpeace - fundada no Canadá em 1971, tendo expandido rapidamente para a Europa com a criação do Greenpeace Internacional, com sede em Amsterdã/Holanda. Sua principal função é iniciar e gerenciar campanhas e programas a ser realizados em escala mundial, repassando aos escritórios nacionais. Em 2006, fazia-se presente em 41 países.

UICN - União Internacional para a Conservação da Natureza e seus Recursos, sediada na Suíça, foi criada em 1948, em Fontainebleau/França. Destaca-se por possuir como membros não só pessoas de direito privado, como também governos e entidades públicas. Considerando sua estrutura e produção de dados e modelos de normas, tem, certamente, influência sobre os principais acordos internacionais ambientais.

WWF – criada em 1961, hoje desenvolve suas ações em mais de 90 países. Durante a Conferência das Nações Unidas, Rio+20, pressionou os governantes de diversos países a assinar convenções sobre biodiversidade e mudanças climáticas. Atualmente pressiona os países signatários da referida convenção para uma efetiva aplicação das disposições acordadas.

Liberdade das ONGs

O Conselho da Amazônia, criado para coordenar as ações federais de proteção à floresta, indicou, em documento oficial, a possibilidade de controlar o trabalho de ONGs na Amazônia, segundo os “interesses nacionais”. Mais de 70 organizações ambientais, entre elas Greenpeace, WWF, Fundação Tide Setúbal e SOS Mata Atlântica, assinaram uma carta criticando a intenção do governo: “a atuação de organizações da sociedade civil é a expressão viva do pluralismo de ideias e sua liberdade está garantida na Constituição. Querer controlá-la é, em última instância, tentar silenciar liberdades constitucionais, afirma o documento intitulado “Garantir a liberdade das ONGs é defender o interesse nacional”.

Concluindo: em 1992, mais de 500 cientistas de todo ou mundo divulgaram a Declaração de Heidlberg, entregue aos chefes de Estado presentes à Conferência Rio-92: “Na alvorada do século 21, nós nos preocupamos com a emergência de uma ideologia irracional, que se opõe ao progresso científico e industrial e bloqueia o desenvolvimento econômico e social ... Subscrevemos plenamente os objetivos de uma ecologia científica para um universo cujos recursos sejam avaliados, monitorados e preservados. Porém, exigimos que essas avaliações, monitoramento e preservação se baseiem em critérios científicos e não em preconceitos irracionais” (disponível no sítio do Science and Environmental Policy Project, www.sepp.org).

Em participação de audiência pública na Comissão de Relações exteriores de Defesa Nacional, o vice-presidente Mourão afirmou: 84% da Amazônia está com suas florestas nativas em pé, e que os países desenvolvidos não preservaram as suas florestas.

O Brasil parece ter cumprido sua lição de casa ambiental com mais eficiência. O que necessitamos efetivamente é criar um grupo de notáveis para melhorar/apresentar dados e provas da capacidade de gerenciamento de nossas riquezas biodiversas, cuidando para evitar ingerências em nossa soberania nacional.

Por Edson Silva, 17 dezembro 2022.

Fonte de consulta

1.file:///C:/Users/home/Downloads/79179-313038-1-SM.pdf

2.https://www.significados.com.br/colonizacao/#:~:text=Coloniza%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20o%20processo%20pelo,de%20pa%C3%ADses%20europeus%20e%20asi%C3%A1ticos.

3https://www.portaldoimpacto.com/como-surgiram-as-ongs-no-mundo?gclid=CjwKCAiAy_CcBhBeEiwAcoMRHL79prT_n451Y42vNTw6Wtbs5iIbLeoVzqf3wfxAgmvJkisYZAemshoCbp4QAvD_BwE

4https://carollinasalle.jusbrasil.com.br/artigos/143480891/atuacao-das-organizacoes-nao-governamentais-ambientalistas-uma-perspectiva-internacional#:~:text=Dentre%20in%C3%BAmeras%20ONGs%20internacionais%20de,na%20defesa%20dos%20recursos%20naturais.

https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/15-900-ongs-atuam-na-amazonia-maior-parte-delas-dedicada-a-religiao/

https://www.camara.leg.br/noticias/830920-mourao-diz-que-nao-tem-funcao-executiva-nas-acoes-de-preservacao-ambiental/

https://exame.com/esg/o-que-esta-em-jogo-na-disputa-entre-governo-e-ongs-na-amazonia/

Máfia Verde 2 – Ambientalismo, novo colonialismo, Lino, Geraldo Luís et all, editora Capax Dei, 2005.

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