Mestre em Ciências da Saúde, UnB; Auditor ISO 14.000; Auditor CONAMA 306; Pesquisador Saúde Pública

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Desde muito cedo despertei o interesse para entender o sentido de “Gigante pela própria natureza” inscrito em nosso belo Hino Nacional Brasileiro. No meu pequeno mundo isso tinha formato de um sonho. Sempre acreditei que o trabalho produziria um Futuro que espelha essa grandeza. Entretanto, não poderíamos esperar “Deitado eternamente em berço esplendido”. Então, me debrucei sobre os livros e outros informes. A história da expansão territorial do Brasil ainda tem sido pouco pesquisada por nossa historiografia, apesar da importância estratégica e atual que reveste a questão. O potencial dos seis Biomas do Brasil nos credencia a produzir alimento para parte significativa dos 195 países do globo. Certo que temos problemas maiúsculos na seara da saúde de nosso povo, saúde primária, saúde regionais, saúde provenientes de epidemias e pandemia novo coronavírus. Nada que planejamentos estratégicos, planos de governo e planos de estado, com boa vontade e união de governantes não possam resolver.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Estratégia do jogo de xadrez geopolítico mundial, G7 e E7

 Economia e política mundial – a quem cabe o poder de decisão

A pandemia Covid 19 abalou os alicerces desse intrincado jogo de poder político e econômico da geopolítica do globo? Os setores indústria, serviços e agronegócios foram afetados por esse caos sanitário? Economia de quais países sentiram suas contas público/privadas/sociais serem abaladas? Ou as transformações nesse jogo de xadrez já estava delineado, independente do problema sanitário?

PIB de US$ 60 trilhões de Emergentes muda Economia global - Economia mundial passa por várias transformações ao mesmo tempo, mas a mudança mais impactante é o crescimento das economias dos maiores países emergentes (palestra no evento Radar Pocket Finanças, Escola de Negócios Fiesc, por Marcos Troyjo, até então presidente do Banco dos BRICS). Esse PIB dos Emergentes tratado acima vincula esses valores aos participantes do BRICS.

No ano 2.000, o PIB do G7 era de US$ 22,1 trilhões, equivalente a 65% da economia do mundo. Segundo dados do Banco Mundial, em 2022, o PIB somado dos países G7 foi de US$ 43,5 trilhões, o que representa 43% da economia mundial, para um PIB global de US$ 100,6 trilhões. O Grupo dos Sete (G7) é o grupo dos países mais industrializados do mundo.

Projeção de cenário da economia mundial

A empresa de consultoria PricewaterhousweCoopers (PwC) tem publicado regularmente um estudo com cenários sobre a situação econômica mundial projetada para o ano de 2050.

Durante a segunda metade a segunda metade do século XX os sete maiores países capitalistas (G7 – EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) dominavam o cenário econômico e político do mundo. Porém, tudo indica que a dinâmica econômica da primeira metade do século XXI será dominada pelos sete maiores países Emergentes (E7 – China, Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, México e Turquia). A ultrapassagem da emergência deve, em tese, ter acontecido em 2017, quando os países emergentes (E7) deveriam superar o tamanho da Economia do G7.

O Produto Interno Bruto dos 14 países do mundo projetados (em poder de paridade de compra – ppp) para 2050.

 

Projeção 2011

U$ trilhões / 2050

Projeção 2013

U$ trilhões / 2050

Realidade 2023

US$ trilhões

China

59, 5

56,9

17,7

Índia

43,2

34,7

3,73

EUA

37,9

37,9

26,95

Brasil

9,8

8,8

2,13

Japão

7,7

8,1

4,23

Rússia

7,6

8,0

1,86

México

6,7

7,4

1,81

Indonésia

6,2

6,3

1,42

Alemanha

5,7

5,8

4,43

Reino Unido

5,6

5,6

3,33

França

5,3

5,7

3,05

Turquia

5,2

5,0

1,15

Itália

3,8

3,9

2,19

Canadá

3,3

3,5

2,12

PwC, 2014; Poder 360, 2023

As projeções desse estudo apontam um PIB, em 2050, de U$ 124,1 trilhões de dólares para o E7 e de U$ 70,5 trilhões de dólares para o G7. Apesar da queda da Índia e Brasil, em ambas as projeções a China passa os EUA em 2017, e se torna a maior economia do globo.

Na evolução desses estudos projetados para 2050, o PIB mundial na virada do milênio era de U$ 42 trilhões de dólares. O PIB do G7 quase dobrou, enquanto dos Emergentes (E7) quase triplicaram o valor do PIB dos anos 2.000. Frise-se, é apenas um exercício, uma projeção. Nada garante que de fato irão ocorrer, como não ocorreu até a presente data, em relação as duas maiores potências econômicas.

As projeções da PwC trazem embutidas um crescimento do PIB mundial de quase 6 vezes na primeira metade do século XXI. Esse fato significaria que a Pegada Ecológica iria superar a Biocapacidade da Terra em 6 vezes.

Avanço dos Emergentes

A configuração da economia global na atualidade já contempla um novo e interessante cenário. Segundo Troyjo, a soma do PIB medido pelo poder de compra do G7 atinge hoje (final de 2022) algo em torno de US$ 49 trilhões. Nesse mesmo período a soma do PIB das maiores economias emergentes do mundo (que ele apelida E7) já chega a US$ 60 trilhões.

Renda per capita e população dos E7

Países

Renda per capita

População

China

10.098

1.429.921.746

Índia

2.171

1.426.391.281

Brasil

11.075

203.080.756

Rússia

11.162

146.140.931

Indonésia

4.163

277.184.719

México

10.118

134.127.189

Turquia

8.957

84.339.067

Todos os Países G7

49.357 (média)

775.112.161

Todos os países E7 referendado 

8.249 (média)

3.701.185.689

(FMI,2021).


https://www.ihu.unisinos.br/categorias/587846-os-paises-em-desenvolvimento-sao-o-motor-da-economia-internacional

O Brasil e a segurança alimentar

Segundo a FAO, EuroStat e a Statista, os cinco países que mais produziram itens agrícolas em 2022 foram a China, a Índia, os Estados Unidos, o Brasil e a Rússia. Apesar de muita produção ainda necessitam importar para atender a demanda por alimento de seu povo.

Surge uma outra oportunidade que o Brasil não pode desperdiçar – o despertar internacional para a questão da segurança alimentar. O Brasil deve ficar atento ao crescimento populacional dos países asiáticos e o aumento de suas rendas per capita. Na Índia, a renda mais do que dobrará nos próximos 10 anos. O Brasil tem espaço para atender sua necessidade alimentar, como dos demais Emergentes.

A China, elevou substancialmente sua renda per capita, e ao longo dessas últimas duas décadas os embarques totais, do Brasil, cresceram de US$ 1,1 bilhão em 2.000 para US$ 89,5 bilhões em 2022, em valores correntes. Para o agro, os números subiram de US$ 561 milhões em 2000 para US$ 50,7 bilhões em 2022 – um impressionante crescimento de 22,7% ao ano no transcurso desse curto período.

Na atualidade exportamos para a China 70% de nossa produção de soja, 43% da carne bovina, 33% da celulose, 51% da carne suína, 17% da carne de frango, 15% da produção de açúcar, 29% do algodão – em suma 34% de nossa produção.

Pessoas de países com grau de evolução econômica em ascensão ampliam a ingestão de alimentos, nutrientes e calorias, primariamente.

O Brasil tem um grande diferencial em seu rico lençol freático, que deixa o país estrategicamente mais bem posicionado para continuar a alimentar o mundo futuro, com uma agricultura cada vez mais verde, “smart” e tecnológica. Há mais tecnologia em um grão de soja no Brasil do que num parafuso, que pode estar sendo beneficiado por medidas protecionistas.

Mas necessário se faz cumprirmos alguns deveres de casa – reformas tributárias, administrativas e outras.

Concluindo,

Cada ser humano precisa cerca de 2 mil calorias por dia, que são geradas a partir do consumo de proteínas, carboidratos, vitaminas, fibras, gorduras, açúcares e outros nutrientes produzidos em cerca de 40% da área do globo terrestre dedicada à agricultura e pecuária. No Brasil a produção agrícola ocupa 7,8% de sua área territorial, e outros 13,2% de pastagens plantadas para a pecuária (EMBRAPA, 2018).

Olhando pelo lado da justiça social, o rápido crescimento dos países emergentes (e mais populosos) poderia ser um fato positivo para os cenários das desigualdades internacionais de renda e para a redução da pobreza. A dúvida: haverá bases materiais para uma expansão econômica tão rápida? O meio ambiente e a biodiversidade irão fornecer os recursos naturais necessários, ou poderão entrar em colapso?

Diante do exposto, como está o Brasil nesse intrincado e competitivo jogo de poder? Já trocamos nossa peça (peão) pela rainha, de forma a nos movimentar mais livremente nesse tabuleiro geopolítico, ou continuaremos coadjuvante? “Cavalo encilhado não passa duas vezes”, nos diz o ditado gaúcho.

Por Edson Silva, 04 de janeiro 2024.

Fontes de Consulta

https://sindifisco.org.br/noticias/g7-versus-e7-pib-de-us-60-trilhoes-de-emergentes-muda-economia-global

https://www.ecodebate.com.br/2013/03/06/g7-versus-e7-a-vez-dos-paises-emergentes-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

https://www.poder360.com.br/economia/g7-teve-a-menor-participacao-do-pib-global-em-2022-desde-2000/

https://www.insper.edu.br/noticias/o-estreitamento-das-relacoes-entre-o-brasil-e-a-china-no-agronegocio/

https://news.agrofy.com.br/noticia/201932/quem-sao-os-maiores-produtores-agricolas-do-mundo

https://news.agrofy.com.br/noticia/201932/quem-sao-os-maiores-produtores-agricolas-do-mundo

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/12/20/brasil-lista-maiores-economias-2023-pib.htm

sábado, 30 de dezembro de 2023

Agriculturas alternativas, agricultura regenerativa

 Produção de alimentos e o meio ambiente

Para alimentar 1 bilhão e 200 milhões de pessoas mundo afora o Brasil utiliza 8% da área de seu território para produção agrícola. Para esse mesmo mister da produção agrícola a Argentina utiliza 14%, os EUA 18%, os países europeus acima de 50% de seu território. Vale destacar a França (talvez o país que mais combate nosso agro), com 52% de seu solo utilizados para alimentar seu povo.

Temos solo, condições climáticas favoráveis, suporte de águas superficiais e subsuperficiais, ciência e tecnologia disponíveis (Embrapa e empresas particulares), e muita área degradada para ser inserida no mapa da produção agrícola de alto padrão.

Nosso homem do campo precisa ser integrado às melhores práticas agrícolas para alcançarmos um retorno ambiental/financeiro/tecnológico digno desse povo ordeiro e trabalhador. O que comumente lemos e ouvimos nos órgãos de comunicação da grande mídia, nacional e internacional, o brasileiro taxado de destruidor do meio ambiente. Os indicadores/percentuais afirmam não ser verdadeiro.

Nossas práticas no campo.

Tipos de agriculturas alternativas

Referem-se aos tipos de agricultura que propõem um modelo de produção diverso da agricultura convencional.

O que enfatizam? * O manejo do solo; * as relações biológicas (aquelas entre pragas e seus predadores naturais); * a fixação biológica do nitrogênio no solo; * o sequestro de carbono.

Tipos/modelos de agriculturas alternativas: agricultura orgânica, agrofloresta, agricultura biológica, agricultura biodinâmica, agricultura regenerativa.

Agricultura regenerativa

Engloba algumas práticas da agricultura alternativa, entretanto, diferencia-se por ter como objetivo principal regenerar o solo, colaborando assim para a mitigação das, “tão propaladas”, mudanças climáticas.

Criada em 1980 por Robert Rodale com o nome “orgânico regenerativo”, visava atender os anseios de uma sociedade que cobra uma produção de alimentos com o menor impacto social/econômico/ambiental, o bem-estar animal e a responsabilidade social.

Segundo o criador do processo, a saúde do solo é uma prioridade na agricultura regenerativa, uma vez que influencia diretamente na saúde total do sistema alimentar e no futuro do planeta. Entendia que o modelo convencional se torna insustentável a longo prazo pelo uso intenso dos defensivos e fertilizantes químicos.

https://agroadvance.com.br/blog-agricultura-regenerativa-praticas/

Objetivos do processo:

1. Contribuir para a construção da fertilidade e saúde do solo;

2. Elevar a percolação de água no solo, aumentar a retenção de água, e em havendo escoamento superficial, que seja de forma segura e com água limpa;

3. Conservar e até buscar aumentar a biodiversidade;

4. Colaborar para a capacidade de resiliência e auto renovação do ecossistema;

5. promover sequestro de carbono.

Que benefícios podemos esperar:

Aumento da biodiversidade na agricultura e nos sistemas agrícolas;

Incremento da matéria orgânica;

Manutenção e longevidade da fertilidade dos solos;

Recuperação dos solos degradados;

Redução na conversão de áreas nativas em agrícolas.

Práticas regenerativas – técnicas que visam promover a saúde do solo, a biodiversidade e a sustentabilidade dos sistemas produtivos, dentre os quais se destacam:

Rotação de culturas ou cultivo sucessivo de mais uma espécie na mesma área (lavoura de cana de açúcar com soja, crotalária ou amendoim);

Plantio direto – não revolvimento do solo, manutenção da palhada na superfície do solo e rotação de culturas;

Consórcios – cultivo intercalados de duas ou mais espécies ao mesmo tempo na área (milho-brachiária);

Tecnologias de fertilização – utilização de fertilizantes organominerais, pó de rochas, biochar;

Compostagem – uso de materiais orgânicos (resto de plantas e esterco de animal decompostos, para produzir um composto que é fonte de nutrientes);

Bioinsumos – biofertilizantes, biopesticidas, que auxiliam no manejo de doenças e pragas de forma menos prejudicial ao meio ambiente (derivados de microrganismos benéficos e substâncias naturais);

Integração com animais – integrar os animais nos sistemas produtivos.

Que pilares dão vida ao modelo da agricultura regenerativa, segundo Khangura?

1. Minimizar a perturbação do solo – adotar prática do plantio direto, que minimiza as perturbações físicas, biológicas e químicas do solo;

2. Manter o solo coberto o ano todo – com vegetação e materiais naturais, por meio de cobertura morta, culturas de cobertura e pastagens;

3. Manter plantas vivas e raízes no solo pelo maior tempo possível – com raízes vivas para garantir que os solos nunca fiquem desprovidos de cobertura vegetal (plantios de cobertura de inverno ou pastagens permanentes; raízes vivas no solo ajuda a estabilizá-lo, na retenção de água e no escoamento de nutrientes).

4. Incorporar a biodiversidade – a diversidade é um componente essencial na construção de solos saudáveis que retém o excesso de água e nutrientes. Também ajuda z obter receitas de outras fontes e é benéfico para os animais selvagens e polinizadores;

5. Integrar os animais à fazenda – o esterco produzido pelo gado pode adicionar nutrientes valiosos ao solo reduzindo a necessidade de fertilizantes e aumentando a matéria orgânica. Solos saudáveis capturam grandes quantidades de carbono e reduzem a quantidade de escoamento poluído.

Por que investir na agricultura regenerativa?

É uma grande tendência para a produção de alimentos.

Colabora não só para preservar o solo, como também para regenerar áreas degradadas, o que paulatinamente pode favorecer a fixação de nitrogênio no solo e o sequestro de carbono.

No setor privado dos EUA, esse processo já movimenta mais de US$ 47,5 bilhões. No Brasil a agricultura regenerativa está sendo timidamente praticada, prioritariamente por empresas privadas.

O Brasil, uma das principais potências mundiais na produção de alimentos, tem sido pressionado pela comunidade internacional por conta do desmatamento ilegal da floresta amazônica.

Nosso desafio, mais do que preservar, é preciso que haja investimentos públicos e privados que favoreçam a preservação e a regeneração das áreas degradadas, sejam estas destinadas ou não a atividades agrícolas.

Concluindo: Nossa vantagem competitiva está na natureza, nas tecnologias recentes que começam a ser aplicadas, em investimentos no campo, e no brasileiro que nunca se furtou ao trabalho pesado. Nesse ano de 2023 o Agro já representou 28% do Produto Interno Bruto, basicamente em commodities.

O próximo passo/desafio é agregar valor aos produtos agropecuários. A bancada ruralista conta, nesse ano 2023, com 372 congressistas, o que facilitaria a aprovação de pautas para modernizar a legislação agroambiental.

Por Edson Silva, 30 dezembro 2023

Fontes de consulta

https://agrosmart.com.br/blog/o-que-e-agricultura-regenerativa/#:~:text=A%20agricultura%20regenerativa%20%C3%A9%20um,e%20o%20sequestro%20de%20carbono.

https://agroadvance.com.br/blog-agricultura-regenerativa-praticas/

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Natal - Referencial entre as datas comemorativas

Espírito natalino

O Natal no Brasil é no verão, e, no entanto, as lembranças que trazemos para essa data são os símbolos e referenciais do clima do hemisfério norte. A influência que carregamos traduzem exatamente as festividades como se lá estivéssemos. Ninguém se aventurou a adaptar o espírito natalino com vestimentas tropicais e símbolos regionais.

É certo que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo, e essa é a efetiva marca da data para o cristão. Mas, desde a muito nos acostumamos que, aliado ao sentimento da vinda do Salvador Jesus Cristo para libertar o homem, o comércio natalino assumiu um certo protagonismo nessa época do ano – isso é claro e notório.

E não me venham dizer que apenas as crianças esperam por esse período do ano – presentes, ceia natalina, férias escolares. Mas um pouco de história vale para essa especial data.

 A origem do Natal

O Natal teve origem em festas pagãs que eram realizadas na antiguidade. Nessa data, os romanos celebravam a chegado do inverno. Eles cultuavam o deus sol e ainda realizavam dias de festividades com intuito de renovação. O termo Natal tem origem na palavra do latim “natalis”, derivada do verbo nascer (nãscor).

Outros povos da antiguidade também celebravam a data, seja pela chegada do inverno ou pela passagem do tempo.

A partir do século IV, e com a consolidação do Cristianismo, a festividade foi oficializada como “Natale Domini” (Natal do Senhor). Como não se sabe ao certo o dia em que Jesus nasceu, essa foi uma forma de cristianizar as festas pagãs romanas, dando-lhes uma nova simbologia. A escolha da data foi determinada pelo Papa Julius I (337-352) e, mais tarde, foi declarada feriado nacional pelo Imperador Justiniano, em 529.

Natal e cristianismo

Na época das primeiras comemorações cristãs, muitos fiéis se recusaram a adotar uma postura festiva para a data, afirmando que 25 de dezembro era um dia religioso e de reflexão, não de festa. O mesmo discurso também ocorreu após a Reforma Protestante, no século XVI, quando muitas pessoas se opuseram às celebrações do Natal.

Fenômeno interessante também ocorreu nas colônias americanas, onde puritanos, quakers, batistas e presbiterianos também decidiram ignorar a festa, enquanto anglicanos, luteranos e católicos faziam questão de mantê-la viva.

O Natal se solidificou na América apenas no século XIX, graças aos cultos natalinos introduzidos nas escolas dominicais e ao famosos romance “A Christmas Carol” (Um conto de Natal), que popularizou o feriado como um evento alegre e familiar.

Símbolos de Natal, seus significados

Representam o cenário de comemoração dessa festa, é por isso que nessa fase do ano encontramos espalhados por todos os cantos.

Tendo origens em épocas distintas, cada símbolo surge porque trazem mais beleza e alegria à festa. Cada um tem uma curiosa história, e transmite uma mensagem.

Estrela – seguindo a “estrela de Belém” os três reis magos puderam encontrar o menino. Além de ter sinalizado o caminho, a estrela representa o próprio Jesus, que nasceu para guiar a humanidade.

Sinos – representa o anúncio do nascimento de Jesus. O toque dos sinos avisa as pessoas para se reunir para um acontecimento. Usados na decoração das árvores e das portas, são também lembrados nas músicas natalinas.

Vela – conta-se que, na Alemanha, um senhor costumava colocar velas na sua janela para iluminar o caminho dos viajantes. As velas natalinas assumem o papel de representar a luz que o nascimento de Jesus traz para a vida das pessoas. Assim as velas acessas na noite de Natal revelam a presença de Cristo naquele ambiente.

Presépio – o primeiro presépio data de 1223 e foi montado na Itália por Francisco de Assis, que queria mostrar aos fiéis como teria nascido Jesus (a representação de um cenário). Neles figuram seus pais, José e Maria); os animais do estábulo, que aqueceram Jesus; o anjo, que anuncia ao mundo o nascimento; A estrela de Belém, que indicou o caminho para os reis magos; os três reis: Baltazar, Gaspar e Melchior. Desmontado dia 6 de janeiro, data em que os reis localizaram o Menino.

Anjo – representa a figura de Gabriel, que anunciou a Maria que ela daria à luz a Jesus. Simboliza o papel de mensageiro de Deus, e portador da alegria dessa época natalina.

Bolas – representam os frutos da árvore de Natal. As frutas serviam de decoração e eram comidas pelas crianças. No ano que não havia frutas, essas passaram a ser substituídas por bolas de vidro, que imitava as frutas. Terminaram por virar tradição.

Árvore – a primeira árvore de Natal surgiu no norte da Europa, século XVI, mas tornou-se tradicional com Martinho Lutero no século XVII, na Alemanha. Apenas no século XIX esse símbolo natalino se espalhou pelo mundo. A árvore é por tradição um pinheiro por ser a única árvore que consegue manter suas folhas mesmo no intenso frio da Europa.  (simbolizando vida e esperança). As estrelas no topo da árvore são o sinal seguido pelos três reis magos

Papai Noel – essa figura surge a partir dos gestos de bondade do bispo Nicolau. Segundo a lenda, ele lançava moedas de ouro pelas chaminés das casas dos mais necessitados na Turquia. A representação moderna do Papai Noel surgiu nos EUA. Santa Claus ganhou a aparência de um velhinho gordinho com barba comprida e roupa vermelha, deslocando-se pelas casas com seu trenó.

Guirlanda – surgiram em Roma. São um sinal de boas-vindas para quem nos visita nessa época festiva. Por isso da tradição de pendurá-las na porta principal da casa. Inicialmente um símbolo pagão, terminou por ser utilizada pela igreja, com adaptação de velas (coroa do advento)

Cartão de Natal - enviar postar com uma mensagem bonita nessa data festiva tornou-se tradição entre família, amigos e clientes. O espírito de alegria, agradecimento e partilha invadindo corações, o que motiva troca de mensagens. O primeiro cartão de Natal foi feito pelo pintor John Callcott Horsley, a pedido de Sir Henry Cole (funcionário público inglês). Os cartões em papel hoje foram substituídos pelas mensagens eletrônicas.

Peru – a tradição de comer peru vem dos EUA, prato típico do Dia de Ação de Graças. Um dos pratos mais requisitados para a ceia de Natal. Esse simbolismo, Dia da Ação de Graças, surgiu em 1621 para comemorar agradecendo a fartura das colheitas.

Ceia – mais que um jantar recheado de coisas apetitosas, representa a confraternização e união das famílias. Reunir familiares e amigos à volta da mesa para comemorar o nascimento de Jesus vem da Europa, onde as pessoas abriam as portas das suas casas para receber viajante e oferecer-lhes uma refeição na véspera de Natal.

Presentes de Natal – Natal é sinônimo de presentes. Esse costume se relaciona com os reis Magos, que levaram ouro, incenso e mirra ao menino Jesus. Ouro, simbolizando a realeza de Jesus, incenso, Sua divindade, e mirra, caracterizando os aspectos humanos de Jesus. Também vale ressaltar a atitude do bom velhinho (bispo turco) que lançava moedas de ouro pela chaminé dos mais pobres.

Panetone – uma iguaria que não pode faltar na mesa dos brasileiros. Conta a lenda que Toni, panificador, estava exausto do trabalho das encomendas de Natal e cometeu um erro ao fazer um pão para a ceia de seu patrão, na véspera do Natal. O engano deu tão certo que o patrão chamou o pão de “pani de Tone”.

O Natal e o comércio

Essa relação é extremamente significativa, em se considerando as tradições festivas e aspecto comercial da temporada – 1. Aumento significativo nas atividades de compras (presentes); 2. Decorações natalinas (enfeites, árvores de Natal, luzes); 3 – Promoções e descontos, o que atrai consumidores e incentiva outras compras; 4 – E-commerce, o incentivo a essa conveniência atende a demanda do período natalino; 5 – Impacto econômico, o aumento do comércio natalino gera emprego temporário nos setores varejistas e de logística; 6 – Tradições de consumo, presentear e trocar presentes é a tradição central do Natal.

A título comparativo, o comércio natalino (apenas e-commerce) em relação a outras datas de grande movimento comercial

Sazonalidade do e-commerce no Brasil em 2016

2016

Período

Faturamento

Tíquete Médio

Crescimento

Dia do Consumidor

16/03

R$ 224 mi

R$ 398

12%

Dia das Mães

23/04 a 07/05

R$ 1,62 bi

R$ 402

8%

Dias dos Namorados

28/05 a 12/06

R$ 1,65 bi

R$ 410

16%

Dia dos Pais

30/07 a 13/08

R$ 1,76 bi

R$ 441

12%

Dias das Crianças

28/09 a 11/10

R$ 1,66 bi

R$ 408

13%

Black Friday

25/11

R$ 1,90 bi

R$653

17%

Cyber Monday

28/11

R$ 571 mi

R$ 676

94%

Natal

15/11 a 24/12

R$ 7,7 bi

R$ 463

4%

Fonte: Ebit Informação – www.ebit.com.br

Concluindo: o comércio natalino vai continuar e expandir, não tenho a menor dúvida, e não vejo razão para ser combatido, entretanto, o verdadeiro espírito do Natal deve ser trabalhado em nosso interior, com os ensinos claramente expressos por Jesus Cristo, que deixou sua divindade e se fez humano, como nós. Os exemplos por Ele deixados não divide homens, antes pelo contrário, unifica raças e povos, estabelece direitos comuns aos seres humanos, mostra o caminho para alcançarmos a vida eterna.

Por Edson Silva, 22 de dezembro de 2023.

Fonte de consulta

https://www.todamateria.com.br/simbolos-do-natal/

https://editorialpaco.com.br/a-origem-do-natal/

https://blog.algartelecom.com.br/negocios/a-importancia-do-natal-para-o-varejo-numeros-que-impressionam/