Espírito natalino
O Natal no Brasil é no verão, e,
no entanto, as lembranças que trazemos para essa data são os símbolos e
referenciais do clima do hemisfério norte. A influência que carregamos traduzem
exatamente as festividades como se lá estivéssemos. Ninguém se aventurou a
adaptar o espírito natalino com vestimentas tropicais e símbolos regionais.
É certo que comemoramos o
nascimento de Jesus Cristo, e essa é a efetiva marca da data para o cristão.
Mas, desde a muito nos acostumamos que, aliado ao sentimento da vinda do
Salvador Jesus Cristo para libertar o homem, o comércio natalino assumiu um
certo protagonismo nessa época do ano – isso é claro e notório.
E não me venham dizer que apenas
as crianças esperam por esse período do ano – presentes, ceia natalina, férias
escolares. Mas um pouco de história vale para essa especial data.
A origem do Natal
O Natal teve
origem em festas pagãs que eram realizadas na antiguidade. Nessa data, os
romanos celebravam a chegado do inverno. Eles cultuavam o deus sol e ainda
realizavam dias de festividades com intuito de renovação. O termo Natal tem
origem na palavra do latim “natalis”, derivada do verbo nascer (nãscor).
Outros povos da
antiguidade também celebravam a data, seja pela chegada do inverno ou pela
passagem do tempo.
A partir do
século IV, e com a consolidação do Cristianismo, a festividade foi oficializada
como “Natale Domini” (Natal do Senhor). Como não se sabe ao certo o dia em que
Jesus nasceu, essa foi uma forma de cristianizar as festas pagãs romanas,
dando-lhes uma nova simbologia. A escolha da data foi determinada pelo Papa
Julius I (337-352) e, mais tarde, foi declarada feriado nacional pelo Imperador
Justiniano, em 529.
Natal e cristianismo
Na época das primeiras
comemorações cristãs, muitos fiéis se recusaram a adotar uma postura festiva
para a data, afirmando que 25 de dezembro era um dia religioso e de reflexão,
não de festa. O mesmo discurso também ocorreu após a Reforma Protestante, no
século XVI, quando muitas pessoas se opuseram às celebrações do Natal.
Fenômeno interessante também
ocorreu nas colônias americanas, onde puritanos, quakers, batistas e
presbiterianos também decidiram ignorar a festa, enquanto anglicanos, luteranos
e católicos faziam questão de mantê-la viva.
O Natal se solidificou na América
apenas no século XIX, graças aos cultos natalinos introduzidos nas escolas
dominicais e ao famosos romance “A Christmas Carol” (Um conto de Natal), que
popularizou o feriado como um evento alegre e familiar.
Símbolos de Natal, seus significados
Representam o cenário de
comemoração dessa festa, é por isso que nessa fase do ano encontramos espalhados
por todos os cantos.
Tendo origens em épocas distintas,
cada símbolo surge porque trazem mais beleza e alegria à festa. Cada um tem uma
curiosa história, e transmite uma mensagem.
Estrela – seguindo a “estrela
de Belém” os três reis magos puderam encontrar o menino. Além de ter sinalizado
o caminho, a estrela representa o próprio Jesus, que nasceu para guiar a
humanidade.
Sinos – representa o
anúncio do nascimento de Jesus. O toque dos sinos avisa as pessoas para se
reunir para um acontecimento. Usados na decoração das árvores e das portas, são
também lembrados nas músicas natalinas.
Vela – conta-se que, na
Alemanha, um senhor costumava colocar velas na sua janela para iluminar o
caminho dos viajantes. As velas natalinas assumem o papel de representar a luz
que o nascimento de Jesus traz para a vida das pessoas. Assim as velas acessas
na noite de Natal revelam a presença de Cristo naquele ambiente.
Presépio – o primeiro
presépio data de 1223 e foi montado na Itália por Francisco de Assis, que
queria mostrar aos fiéis como teria nascido Jesus (a representação de um
cenário). Neles figuram seus pais, José e Maria); os animais do estábulo, que
aqueceram Jesus; o anjo, que anuncia ao mundo o nascimento; A estrela de Belém,
que indicou o caminho para os reis magos; os três reis: Baltazar, Gaspar e
Melchior. Desmontado dia 6 de janeiro, data em que os reis localizaram o
Menino.
Anjo – representa a figura
de Gabriel, que anunciou a Maria que ela daria à luz a Jesus. Simboliza o papel
de mensageiro de Deus, e portador da alegria dessa época natalina.
Bolas – representam os
frutos da árvore de Natal. As frutas serviam de decoração e eram comidas pelas
crianças. No ano que não havia frutas, essas passaram a ser substituídas por
bolas de vidro, que imitava as frutas. Terminaram por virar tradição.
Árvore – a primeira árvore
de Natal surgiu no norte da Europa, século XVI, mas tornou-se tradicional com
Martinho Lutero no século XVII, na Alemanha. Apenas no século XIX esse símbolo
natalino se espalhou pelo mundo. A árvore é por tradição um pinheiro por ser a
única árvore que consegue manter suas folhas mesmo no intenso frio da
Europa. (simbolizando vida e esperança).
As estrelas no topo da árvore são o sinal seguido pelos três reis magos
Papai Noel – essa figura
surge a partir dos gestos de bondade do bispo Nicolau. Segundo a lenda, ele
lançava moedas de ouro pelas chaminés das casas dos mais necessitados na
Turquia. A representação moderna do Papai Noel surgiu nos EUA. Santa Claus
ganhou a aparência de um velhinho gordinho com barba comprida e roupa vermelha,
deslocando-se pelas casas com seu trenó.
Guirlanda – surgiram em
Roma. São um sinal de boas-vindas para quem nos visita nessa época festiva. Por
isso da tradição de pendurá-las na porta principal da casa. Inicialmente um
símbolo pagão, terminou por ser utilizada pela igreja, com adaptação de velas
(coroa do advento)
Cartão de Natal - enviar
postar com uma mensagem bonita nessa data festiva tornou-se tradição entre
família, amigos e clientes. O espírito de alegria, agradecimento e partilha
invadindo corações, o que motiva troca de mensagens. O primeiro cartão de Natal
foi feito pelo pintor John Callcott Horsley, a pedido de Sir Henry Cole
(funcionário público inglês). Os cartões em papel hoje foram substituídos pelas
mensagens eletrônicas.
Peru – a tradição de comer
peru vem dos EUA, prato típico do Dia de Ação de Graças. Um dos pratos mais
requisitados para a ceia de Natal. Esse simbolismo, Dia da Ação de Graças,
surgiu em 1621 para comemorar agradecendo a fartura das colheitas.
Ceia – mais que um jantar
recheado de coisas apetitosas, representa a confraternização e união das
famílias. Reunir familiares e amigos à volta da mesa para comemorar o
nascimento de Jesus vem da Europa, onde as pessoas abriam as portas das suas
casas para receber viajante e oferecer-lhes uma refeição na véspera de Natal.
Presentes de Natal – Natal
é sinônimo de presentes. Esse costume se relaciona com os reis Magos, que
levaram ouro, incenso e mirra ao menino Jesus. Ouro, simbolizando a
realeza de Jesus, incenso, Sua divindade, e mirra, caracterizando
os aspectos humanos de Jesus. Também vale ressaltar a atitude do bom velhinho
(bispo turco) que lançava moedas de ouro pela chaminé dos mais pobres.
Panetone – uma iguaria que
não pode faltar na mesa dos brasileiros. Conta a lenda que Toni, panificador,
estava exausto do trabalho das encomendas de Natal e cometeu um erro ao fazer
um pão para a ceia de seu patrão, na véspera do Natal. O engano deu tão certo
que o patrão chamou o pão de “pani de Tone”.
O Natal e o comércio
Essa relação é extremamente
significativa, em se considerando as tradições festivas e aspecto comercial da
temporada – 1. Aumento significativo nas atividades de compras (presentes); 2.
Decorações natalinas (enfeites, árvores de Natal, luzes); 3 – Promoções e
descontos, o que atrai consumidores e incentiva outras compras; 4 – E-commerce,
o incentivo a essa conveniência atende a demanda do período natalino; 5 –
Impacto econômico, o aumento do comércio natalino gera emprego temporário nos
setores varejistas e de logística; 6 – Tradições de consumo, presentear e
trocar presentes é a tradição central do Natal.
A título comparativo, o comércio
natalino (apenas e-commerce) em relação a outras datas de grande movimento
comercial
Sazonalidade
do e-commerce no Brasil em 2016
2016 |
Período |
Faturamento |
Tíquete Médio |
Crescimento |
Dia do Consumidor |
16/03 |
R$ 224 mi |
R$ 398 |
12% |
Dia das Mães |
23/04 a 07/05 |
R$ 1,62 bi |
R$ 402 |
8% |
Dias dos Namorados |
28/05 a 12/06 |
R$ 1,65 bi |
R$ 410 |
16% |
Dia dos Pais |
30/07 a 13/08 |
R$ 1,76 bi |
R$ 441 |
12% |
Dias das Crianças |
28/09 a 11/10 |
R$ 1,66 bi |
R$ 408 |
13% |
Black Friday |
25/11 |
R$ 1,90 bi |
R$653 |
17% |
Cyber Monday |
28/11 |
R$ 571 mi |
R$ 676 |
94% |
Natal |
15/11 a 24/12 |
R$ 7,7 bi |
R$ 463 |
4% |
Fonte: Ebit
Informação – www.ebit.com.br
Concluindo: o comércio
natalino vai continuar e expandir, não tenho a menor dúvida, e não vejo razão
para ser combatido, entretanto, o verdadeiro espírito do Natal deve ser
trabalhado em nosso interior, com os ensinos claramente expressos por Jesus
Cristo, que deixou sua divindade e se fez humano, como nós. Os exemplos por Ele
deixados não divide homens, antes pelo contrário, unifica raças e povos, estabelece
direitos comuns aos seres humanos, mostra o caminho para alcançarmos a vida
eterna.
Por Edson Silva, 22 de dezembro
de 2023.
Fonte de consulta
https://www.todamateria.com.br/simbolos-do-natal/
https://editorialpaco.com.br/a-origem-do-natal/
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