Mestre em Ciências da Saúde, UnB; Auditor ISO 14.000; Auditor CONAMA 306; Pesquisador Saúde Pública

Minha foto
Desde muito cedo despertei o interesse para entender o sentido de “Gigante pela própria natureza” inscrito em nosso belo Hino Nacional Brasileiro. No meu pequeno mundo isso tinha formato de um sonho. Sempre acreditei que o trabalho produziria um Futuro que espelha essa grandeza. Entretanto, não poderíamos esperar “Deitado eternamente em berço esplendido”. Então, me debrucei sobre os livros e outros informes. A história da expansão territorial do Brasil ainda tem sido pouco pesquisada por nossa historiografia, apesar da importância estratégica e atual que reveste a questão. O potencial dos seis Biomas do Brasil nos credencia a produzir alimento para parte significativa dos 195 países do globo. Certo que temos problemas maiúsculos na seara da saúde de nosso povo, saúde primária, saúde regionais, saúde provenientes de epidemias e pandemia novo coronavírus. Nada que planejamentos estratégicos, planos de governo e planos de estado, com boa vontade e união de governantes não possam resolver.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Rodovias, hidrovias, ferrovias, e outras - o transporte da riqueza nacional.

 Segurança viária no Brasil, como é efetivada

Por certo as políticas públicas de segurança do governo de nosso Brasil têm tido uma atenção toda especial dos governantes do Planalto, do nosso Congresso Nacional e dos Tribunais, pois, não é? Nossas vias não têm a cobertura necessária, com policiamento adequado (quando tem), apesar do hercúleo esforço dos abnegados operadores de segurança. Nossa produção e o cidadão que a produz está a deriva nesse ambiente inseguro.

https://www.hivecloud.com.br/post/modais-de-transporte/

A média ideal de distribuição dos modais no Brasil, país de dimensões continental, deveria ser de 35% em ferrovias, 25% em rodovias, 25% em hidrovias e 15% em outros modais (aeroviário, dutoviários, infoviário). Em nosso País, em torno de 65% das cargas e passageiros são transportados por rodovia.

EUA lidera, com seus 6,5 milhões de Km a maior malha rodoviária do planeta, seguido pela China (3,8 milhões de Km), em seguida a Índia (3,3 milhões de Km), e na sequência o Brasil.

EUA lidera a malha ferroviária com uma extensão de 300 mil Km, seguido pela China (127 mil Km), em seguida a Rússia (87 mil Km), Canadá (78 mil Km). O Brasil tem a nona malha ferroviária do globo.

Em extensão a China lidera dentre as malhas hidroviárias interior com 123.964 km, seguido pela Rússia (102.000 Km), Brasil (47.882 Km), EUA (41.009 Km).

https://pt.maps-brazil.com/mapas-brasil-transporte/brasil-transportes-mapa

Os cerca de 75 mil Km de Rodovias Federais são policiados e fiscalizados pela Polícia Rodoviária Federal. Apesar de previsão constitucional (EC n. 19 de 1.998), a Polícia Ferroviária Federal não existe, para efetuar o patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. A malha hidroviária brasileira já faz por merecer a criação de uma Polícia Hidroviária Federal, tendo por papel o patrulhamento ostensivo das hidrovias federais.

Malha rodoviária

Temos a quarta maior do mundo, com uma extensão de 1.720.700 de quilômetros de estradas e rodovias, ligando o Brasil dos extremos Norte ao Sul, e do Leste a Oeste. As estradas brasileiras desempenham um papel crucial na interligação das regiões, na movimentação da economia e viagem de milhões de pessoas todos os dias.

Entretanto, apenas 105.814 Km dessas vias são pavimentadas, e a grande maioria delas são de pista única. Essa malha é responsável pela movimentação de 60% das mercadorias entre os estados e cerca de 90% da movimentação dos passageiros. As estimativas apontam, que 100 milhões de veículos circulam pelo trânsito brasileiro.

Cabe destacar que Minas Gerais se destaca com a maior malha viária do Brasil, com 7.689 Km de rodovias federais, 23.663 Km de rodovias estaduais 238.191 km de rodovias municipais. São Paulo tem as 14 melhores rodovias brasileiras, a melhor (Rodovia Euclides da Cunha) administrada pelo DER/SP, e as outras 13 concessionadas

A mais longa rodovia é a Presidente Dutra, BR 116, com seus 4.660 Km, tendo seu início na cidade de Fortaleza/CE, passando por várias rotas turísticas em Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, até atingir seu ponto final em Jaguarão/RS. Cruza cerca de 280 cidades em dez Estados.

A Rodovia dos Imigrantes, SP 160, abriga o trecho mais alto de uma estrada no Brasil, chegando a atingir, em determinado trecho, 800 metros acima do mar. Liga a cidade de São Paulo a Santos.

A BR 230, conhecida como Rodovia Transamazônica, é tida como emblemática. Construída na década de 1970, tem seus 4.000 Km atravessando a Floresta Amazônica, ligando a cidade de Cabedelo/PB ao município de Lábrea/AM.

Com pistas simples e duplicadas, essas últimas estão concentradas em regiões mais desenvolvidas e com maior tráfego. O Brasil também possui um polêmico (pelos custos e qualidade do serviço oferecido) sistema de pedágio em várias rodovias, que são importantes fontes de receita para manutenção e conservação das estradas.

As dimensões continentais do país, suas diferentes condições climáticas tornam um desafio contante a manutenção das estradas – chuvas intensas e altas temperaturas de algumas regiões causam erosão, deslizamentos de terra e buracos nas pistas, exigindo investimentos contínuos para preservar a segurança dos motoristas. Há de se considerar o excesso de peso de muitos usuários de carga pesada, e a falta de balanças para fiscalização de peso, adicionado a pouca qualidade das rodovias piso flexível.

A matriz brasileira de transportes é uma das mais concentradas do mundo, no modal rodoviário

País

Modal Rodoviário

Brasil

58%

Rússia

8%

China

50%

Austrália

53%

Canadá

43%

EUA

32%

 Malha ferroviária

O sistema ferroviário brasileiro começou a ser implantado no país e, em 1854, quando o Barão de Mauá inaugurou a primeira ferrovia ligando a Baía de Guanabara a Petrópolis, no Rio de Janeiro. A vinculação do café às ferrovias era evidente, principalmente em São Paulo, onde surgiram várias ferrovias para servir à economia cafeeira. Seu maior de período de desenvolvimento foi de 1850 a 1930. Depois desse período as prioridades da economia brasileira mudaram, houve um progressivo desenvolvimento da indústria automobilística e os investimentos na malha ferroviária praticamente cessaram.

O transporte ferroviário é o segundo mais barato para médias e longas distância, atrás apenas do hidroviário.  As ferrovias reduzem significativamente o frete, o que para alguns setores pode ser decisivo, pois os produtos se tornam mais competitivos (o custo do transporte do minério de ferro chega a quase metade do preço final do produto).

A privatização do sistema ferroviário brasileiro foi iniciada em meados da década de 1990. Apesar da aplicação de investimentos (cerca de 9,5 bilhões, entre 1997 e 2007). Esses investimentos foram aplicados, principalmente, na manutenção e na recuperação dos trechos já construídos. Apesar da concentração no transporte de minério de ferro iniciou a diversidade de produtos transportados por esse modal.

A distribuição dos investimentos também é desigual quando se considera as regiões brasileiras. O Sudeste recebe a maior parte dos investimentos.

O transporte de carga geral aumentou de 137,2 bilhões de toneladas transportadas por Km útil (TKU) para 278,5 bilhões de TKU, um aumento de 112%.

Após a privatização (1990) o índice de redução de acidentes caiu de 36 para 14 acidentes por milhão de km percorrido por trem (os índices internacionais estão entre 8 e 13). A frota de locomotivas se modernizou e aumentou.

ano

locomotivas

Frota de vagões

1997

1.029

43.816

2023

3.300

114.974

Com mais de 31 mil Km, as ferrovias das empresas associadas a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários conectam, o quadrilátero Ferrífero, no sul de Minas Gerais, e outros centros de mineração e siderurgia, além dos maiores polos industriais e áreas agrícolas aos principais portos brasileiros, entre eles, os de Santos/SP, Itaqui/MA, Vitória/ES, e o do Rio de Janeiro/RJ.

É bom que se frise, o aumento dessa produtividade ocorreu em um cenário sem um aumento expressivo na malha viária do país – cerca de 25.599 km de ferrovias em 1.997 para pouco mais de 30.000 Km em 2.023.

O Diretor Geral da ANTT, Rafael Vitale, em agosto de 2023, afirmou que a malha viária ferroviária pode expandir em 42% a partir de investimentos privados na ordem de R$ 220 bilhões. Uma das prioridades de sua gestão é aumentar a participação do modal ferroviário dos atuais 15% para 35% no transporte das riquezas nacionais.

Malha hidroviária

A hidrovia é uma via de navegação interior, com canal delimitado, sinalizado e com gabarito hidroviário mantido. O Brasil possui um sistema extenso de rios e lagos, dividido em 12 Bacias hidrográficas e uma malha hidroviária de 47.882 mil Km, composto por 21 mil Km de rios navegáveis e 15 mil km de trechos potencialmente navegáveis.

As hidrovias no Brasil possuem cerca de 36 mil km de rios navegáveis com características próprias em cada região, porém só é utilizado um terço do potencial que existe. Enquanto os outros países procuram transportar seus produtos pelas hidrovias, o Brasil segue pelo caminho inverso.

É um modal de excelente custo-benefício, capaz de oferecer ganhos do ponto de vista ambiental e assumir um papel ainda mais estratégico na movimentação de grãos, fertilizantes, minérios, celulose e até contêineres para portos menores.

9.504 km é a extensão das principais hidrovias no Basil, assim distribuídos:

Principais hidrovias

Extensão Km

Estados

Paraguai

592

MT MS

Paraná-Tietê

1.495

MG GO SP PR MT

São Francisco

576

MG BA PE

Solimões-Amazonas

4.700

RO AM PA AP

Sul

514

SC RS

Tocantins

982

T0 MA PA

Tapajos

345

PA

 O que é transportado nas principais regiões hidrográficas:

Amazônica - Soja (31%), milho (28%), derivados de petróleo (16%), baú (11%), outros (14%);

Tocantins/Araguaia – milho (32%), soja (25%), baú (24%), derivados de petróleo (7%), outros 12%;

Paraguai – minério de ferro (92%), soja (7%), outros (1%);

Atlantico Sul – celulose (43%), fertilizantes (12%), farelo de soja (9%), contêineres (8%), outros (28%);

Paraná/Tietê – milho (39%), areia (37%), soja (16%), farelo de soja (7%), outros (1%).

*com exceção da região Paraguai, todas transportam majoritariamente produtos agrícolas e derivados, com destaque para a soja e o milho.

Estudo da CNT mostra que atualmente o Brasil utiliza 19 mil Km para o transporte comercial, de cargas e passageiros, com isso, apenas 5% da movimentação de cargas é feita pelos rios.

Apesar dos poucos recursos investidos nesse modal, entre 2.010 e 2.018, o volume de cargas passou de 73,5 milhões de toneladas para 101.5 milhões de toneladas. De janeiro a maio de 2023, o transporte de carga por vias interiores no Brasil foi de 66,5 milhões de toneladas, o que representou recorde histórico semestral (ANTAC). O principal destaque ficou para região hidrográfica Amazônica em que foram transportadas 40,67 milhões de toneladas entre janeiro e junho de 2023.

A carga transportada por esse modal pode custar em torno de 40% do frete rodoviário, e 70% do ferroviário. O transporte hidroviário tem o custo logístico mais barato, além disso tira diversos veículos das estradas, diminuindo o trânsito.

Policiamento e Segurança no Sistema viário do Brasil

Atualmente, a Polícia Rodoviária Federal tem sob sua responsabilidade a segurança viária e a prevenção e repressão qualificada ao crime em mais de 75 mil Km de rodovias e estradas federais em todos os estados brasileiros e nas áreas de interesse da União.  A PRF tem hoje (26/05/2022), o maior índice de efetivo da história, com 12.356 profissionais.

A Polícia Rodoviária Federal, PRF, é uma das principais instituições de segurança Pública no Brasil, sendo responsável pela fiscalização, patrulhamento e garantia da segurança nas rodovias federais e áreas de interesse da União. No contexto da segurança pública, a PRF atua em diversas frentes para garantir a segurança e mobilidade nas rodovias federais, como na prevenção e repressão ao tráfico de drogas, contrabando, descaminho e demais crimes transfronteiriços, além de fiscalizar o transporte de cargas e passageiros, combater o roubo de veículos e a exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais. Provê a pronta resposta federal às mais diversas demandas de segurança pública do Brasil.

Recentemente houve grandes avanços na política ferroviária, com um muito bem encaminhado Marco Legal das Ferrovias, por meio de Medida Provisória. 14 propostas de novas linhas férreas ampliam mais 5.300 quilômetros de novos trilhos. Como melhor forma de se preparar para um “boom” no setor, a prudência recomenda solucionar a regularização da Polícia Ferroviária Federal, já prevista na Carta Magna, mas ainda negligenciada como forma. Já existe no Congresso Nacional um Projeto de Lei n. 1786/2021, que foi encaminhado ao Senado em maio de 2021 que prevê a regulamentação da carreira Policial Ferroviário Federal.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) solicitou medidas urgentes ao Poder Público para coibir o crescente número de roubos e furtos de cargas do agro, principalmente, no Arco Norte, região considerada estratégica para o escoamento da produção de grãos e alimentos para exportação (fevereiro de 2018, reunião da Câmara Temática de Navegação e Portos). “É muito importante uma presença maior dos organismos públicos nas hidrovias para coibir e ter uma maior fiscalização do trânsito. O barateamento de custos em função da localização do Arco Norte começa a ser comprometido por essas ocorrências, que se desdobram em uma série de outros crimes e trazem um contexto de insegurança nas hidrovias brasileiras. A ação dos marginais em embarcações provoca insegurança e prejuízo na ordem de bilhões”. De acordo com o Atlas da violência, devido ao seu tamanho e posição, a Amazônia é território importante para a logística do narcotráfico. Os rios da região costumam ser utilizados para transportar cocaína pronta para consumo ou para ser beneficiada. A região tem sido alvo de violentas disputas entre facções criminosas ligadas ao narcotráfico. A criação de uma Polícia Hidroviária Federal com missão de um policiamento ostensivo visando a segurança e mobilidade nas hidrovias federais, bem como na prevenção e repressão ao tráfico de drogas, contrabando, descaminho e demais crimes transfronteiriços, além de fiscalizar o transporte de cargas e passageiros, atenderia o pleito de um país com uma malha hidroviária do porte do Brasil.

Concluindo: Diante desses singelos detalhes político-técnico-administrativo, um olhar mais aguçado daqueles que tem a responsabilidade de traçar as políticas desenvolvimentistas deve ser estimulado pela sugestão/pressão do cidadão brasileiro, não acham? Ou estamos sendo muito exigentes.

Por Edson Silva

       Eduardo Lysias de Oliveira e Silva, 9 de maio de 2024.

Fontes de consulta

https://www.avepbrasil.com.br/curiosidades-sobre-a-malha-rodoviaria-

https://www.proauto.org.br/blog/qual-o-tamanho-da-malha-viaria-no-brasil-e-no-mundo/

https://militares.estrategia.com/portal/materias-e-dicas/geografia/transporte-ferroviario-saiba-mais-sobre-a-malha-ferroviaria-do-brasil/

https://www.poder360.com.br/infraestrutura/empresas-privadas-podem-expandir-malha-ferroviaria-brasileira-em-42/

https://alavoura.com.br/colunas/panorama/crescimento-do-transporte-hidroviario-pode-reduzir-custos-para-o-agro/

https://massa.ind.br/transporte-ferroviario-no-mundo/

https://www.pet.coppe.ufrj.br/images/documentos/teses/2021/Tese_Diana_Lopes_1.pdf

https://www.gov.br/prf/pt-br/acesso-a-informacao/institucional

https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/prf-e-pf-ganham-mais-1-250-policiais-e-passam-a-ter-maior-efetivo-da-historia

https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-policia-ferroviaria-federal-um-caso-sem-solucao/1370411680

https://cnabrasil.org.br/noticias/cna-solicita-mais-seguranca-nas-hidrovias-do-arco-norte

https://www.congresso2019.fomerco.com.br/resources/anais/9/fomerco2019/1571129411_

Nenhum comentário:

Postar um comentário