Produção de alimentos e o meio ambiente
Para alimentar 1
bilhão e 200 milhões de pessoas mundo afora o Brasil utiliza 8% da área de seu
território para produção agrícola. Para esse mesmo mister da produção agrícola
a Argentina utiliza 14%, os EUA 18%, os países europeus acima de 50% de seu
território. Vale destacar a França (talvez o país que mais combate nosso agro),
com 52% de seu solo utilizados para alimentar seu povo.
Temos solo,
condições climáticas favoráveis, suporte de águas superficiais e subsuperficiais,
ciência e tecnologia disponíveis (Embrapa e empresas particulares), e muita
área degradada para ser inserida no mapa da produção agrícola de alto padrão.
Nosso homem do
campo precisa ser integrado às melhores práticas agrícolas para alcançarmos um
retorno ambiental/financeiro/tecnológico digno desse povo ordeiro e trabalhador.
O que comumente lemos e ouvimos nos órgãos de comunicação da grande mídia, nacional
e internacional, o brasileiro taxado de destruidor do meio ambiente. Os indicadores/percentuais
afirmam não ser verdadeiro.
Nossas práticas
no campo.
Tipos de
agriculturas alternativas
Referem-se aos
tipos de agricultura que propõem um modelo de produção diverso da agricultura
convencional.
O que enfatizam?
* O manejo do solo; * as relações biológicas (aquelas entre pragas e seus
predadores naturais); * a fixação biológica do nitrogênio no solo; * o
sequestro de carbono.
Tipos/modelos de
agriculturas alternativas: agricultura orgânica, agrofloresta, agricultura
biológica, agricultura biodinâmica, agricultura regenerativa.
Agricultura
regenerativa
Engloba algumas
práticas da agricultura alternativa, entretanto, diferencia-se por ter como
objetivo principal regenerar o solo, colaborando assim para a mitigação das, “tão
propaladas”, mudanças climáticas.
Criada em
1980 por Robert Rodale com o nome “orgânico regenerativo”, visava atender os
anseios de uma sociedade que cobra uma produção de alimentos com o menor
impacto social/econômico/ambiental, o bem-estar animal e a responsabilidade
social.
Segundo o
criador do processo, a saúde do solo é uma prioridade na agricultura
regenerativa, uma vez que influencia diretamente na saúde total do sistema
alimentar e no futuro do planeta. Entendia que o modelo convencional se torna
insustentável a longo prazo pelo uso intenso dos defensivos e fertilizantes
químicos.
https://agroadvance.com.br/blog-agricultura-regenerativa-praticas/
Objetivos do processo:
1. Contribuir
para a construção da fertilidade e saúde do solo;
2. Elevar
a percolação de água no solo, aumentar a retenção de água, e em havendo
escoamento superficial, que seja de forma segura e com água limpa;
3.
Conservar e até buscar aumentar a biodiversidade;
4.
Colaborar para a capacidade de resiliência e auto renovação do ecossistema;
5. promover
sequestro de carbono.
Que
benefícios podemos esperar:
Aumento da
biodiversidade na agricultura e nos sistemas agrícolas;
Incremento da
matéria orgânica;
Manutenção e
longevidade da fertilidade dos solos;
Recuperação dos
solos degradados;
Redução na
conversão de áreas nativas em agrícolas.
Práticas
regenerativas – técnicas que visam promover a saúde do solo, a
biodiversidade e a sustentabilidade dos sistemas produtivos, dentre os quais se
destacam:
Rotação de
culturas ou cultivo sucessivo de mais uma espécie na mesma área
(lavoura de cana de açúcar com soja, crotalária ou amendoim);
Plantio
direto – não revolvimento do solo, manutenção da palhada na superfície
do solo e rotação de culturas;
Consórcios
– cultivo intercalados de duas ou mais espécies ao mesmo tempo na área (milho-brachiária);
Tecnologias
de fertilização – utilização de fertilizantes organominerais, pó de
rochas, biochar;
Compostagem
– uso de materiais orgânicos (resto de plantas e esterco de animal decompostos,
para produzir um composto que é fonte de nutrientes);
Bioinsumos
– biofertilizantes, biopesticidas, que auxiliam no manejo de doenças e pragas
de forma menos prejudicial ao meio ambiente (derivados de microrganismos benéficos
e substâncias naturais);
Integração
com animais – integrar os animais nos sistemas produtivos.
Que pilares
dão vida ao modelo da agricultura regenerativa, segundo Khangura?
1. Minimizar
a perturbação do solo – adotar prática do plantio direto, que minimiza
as perturbações físicas, biológicas e químicas do solo;
2. Manter
o solo coberto o ano todo – com vegetação e materiais naturais, por
meio de cobertura morta, culturas de cobertura e pastagens;
3. Manter
plantas vivas e raízes no solo pelo maior tempo possível – com raízes
vivas para garantir que os solos nunca fiquem desprovidos de cobertura vegetal
(plantios de cobertura de inverno ou pastagens permanentes; raízes vivas no
solo ajuda a estabilizá-lo, na retenção de água e no escoamento de nutrientes).
4. Incorporar
a biodiversidade – a diversidade é um componente essencial na
construção de solos saudáveis que retém o excesso de água e nutrientes. Também
ajuda z obter receitas de outras fontes e é benéfico para os animais selvagens
e polinizadores;
5. Integrar
os animais à fazenda – o esterco produzido pelo gado pode adicionar
nutrientes valiosos ao solo reduzindo a necessidade de fertilizantes e
aumentando a matéria orgânica. Solos saudáveis capturam grandes quantidades de
carbono e reduzem a quantidade de escoamento poluído.
Por que
investir na agricultura regenerativa?
É uma
grande tendência para a produção de alimentos.
Colabora
não só para preservar o solo, como também para regenerar áreas degradadas, o
que paulatinamente pode favorecer a fixação de nitrogênio no solo e o sequestro
de carbono.
No setor
privado dos EUA, esse processo já movimenta mais de US$ 47,5 bilhões. No Brasil
a agricultura regenerativa está sendo timidamente praticada, prioritariamente
por empresas privadas.
O Brasil,
uma das principais potências mundiais na produção de alimentos, tem sido
pressionado pela comunidade internacional por conta do desmatamento ilegal da
floresta amazônica.
Nosso
desafio, mais do que preservar, é preciso que haja investimentos públicos e
privados que favoreçam a preservação e a regeneração das áreas degradadas,
sejam estas destinadas ou não a atividades agrícolas.
Concluindo: Nossa
vantagem competitiva está na natureza, nas tecnologias recentes que começam a ser
aplicadas, em investimentos no campo, e no brasileiro que nunca se furtou ao
trabalho pesado. Nesse ano de 2023 o Agro já representou 28% do Produto Interno
Bruto, basicamente em commodities.
O próximo passo/desafio
é agregar valor aos produtos agropecuários. A bancada ruralista conta, nesse
ano 2023, com 372 congressistas, o que facilitaria a aprovação de pautas para
modernizar a legislação agroambiental.
Por Edson Silva,
30 dezembro 2023
Fontes de consulta
https://agroadvance.com.br/blog-agricultura-regenerativa-praticas/