Mestre em Ciências da Saúde, UnB; Auditor ISO 14.000; Auditor CONAMA 306; Pesquisador Saúde Pública

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Desde muito cedo despertei o interesse para entender o sentido de “Gigante pela própria natureza” inscrito em nosso belo Hino Nacional Brasileiro. No meu pequeno mundo isso tinha formato de um sonho. Sempre acreditei que o trabalho produziria um Futuro que espelha essa grandeza. Entretanto, não poderíamos esperar “Deitado eternamente em berço esplendido”. Então, me debrucei sobre os livros e outros informes. A história da expansão territorial do Brasil ainda tem sido pouco pesquisada por nossa historiografia, apesar da importância estratégica e atual que reveste a questão. O potencial dos seis Biomas do Brasil nos credencia a produzir alimento para parte significativa dos 195 países do globo. Certo que temos problemas maiúsculos na seara da saúde de nosso povo, saúde primária, saúde regionais, saúde provenientes de epidemias e pandemia novo coronavírus. Nada que planejamentos estratégicos, planos de governo e planos de estado, com boa vontade e união de governantes não possam resolver.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Imperador Dom Pedro II – 49 anos de governo que marcaram a unidade do Brasil

 200 anos do nascimento de um brasileiro apaixonado pelo Brasil

Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1.825.

Aclamado imperador em 1831 (aos 6 anos de idade). Submetido a uma educação espartana que tinha por objetivo formar um príncipe perfeito, humano, justo, constitucional, pacifista, tolerante.

Descolonização da América do Sul

O movimento de descolonização na América do Sul começou a ganhar força no início do século XIX, inspirado pelas ideias iluministas e pelos eventos ocorridos na Europa. No entanto, o processo não foi nada pacífico, com conflitos e instabilidades marcando muitos episódios de descolonização.

A descolonização na América portuguesa resultou na independência do Brasil (1822). Já a América espanhola fragmentou-se: Venezuela (1811), Equador (1830), Bolívia (1825), Argentina (1816), Chile (1818), Colômbia (1819), Paraguai (1811), Peru (1821), Uruguai (1828), Suriname (1975), e Guiana (1966). A descolonização da América teve um impacto duradouro na configuração geopolítica da região, dando origem a uma miríade de nações independentes.

O desafio de manter a unidade federativa no Brasil

Fortalecer o poder central, para garantir a estabilidade, frente as diversas revoltas e movimentos separatistas que contestaram a autoridade do governo imperial. O desafio era evitar que o Brasil se fragmentasse, como aconteceu nas colônias hispano-americanas, que se dividiram em vários países. 

As estratégias usadas: (1) a manutenção da unidade foi garantida por meio de uma combinação de medidas políticas, diplomáticas e militares. (2) promoção do desenvolvimento econômico e a modernização do Brasil, com o objetivo de fortalecer a nação.

O Imperador na linha do tempo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_do_Brasil

Aos 14 anos de idade (1840), manifestações de rua no Brasil promoveram um golpe de estado decretando a maioridade do monarca, iniciando assim o reinado de D. Pedro II. Nessa altura já se tinha definido os partidos que dominariam a política imperial – o Conservador e o Liberal.

Em 1843 casou-se (em casamento arranjado) com Tereza Cristina. Em 1850 aboliu o tráfico de escravos, pressionado pelos britânicos. Em 1853, com alguma dificuldade implantou uma política de conciliação dos Conservadores e Liberais, que desde a regência vinham se digladiando. No decorrer da década seguinte o Império enfrentou a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870). Nesse grande embate da América do Sul as atitudes do líder da nação se contrapõem à sua natureza pacifista. Talvez o tenha feito por considerar a honra do país algo intocável; nesse interim já se consolidava o partido Progressista, consoante o término do conflito sul-americano. A guerra provocou um aumento significativo da dívida externa. Na política, o último ano do conflito foi marcado pela publicação do Manifesto Republicano.

Entre maio de 1871 e março de 1872 realizou sua primeira viagem ao exterior, experiência que elevou seu conhecimento pela arte e cultura de outros países (antes só conhecida pelos livros). Em 1876 seguiu para os Estados Unidos da América com o mesmo fito. Nas duas experiências internacionais anotava tudo o que podia ser aplicado no Brasil. Novamente foi à Europa, onde teve o famoso encontro com Victor Hugo, que o chamou “neto de Marco Aurélio”.

Em 1888 o Congresso cedeu e votou a abolição. O imperador achava-se de novo na Europa, desta vez para tratamento de saúde. Após o regresso do imperador, os acontecimentos precipitaram-se. Doente, ele não detinha mais o controle da política. Sua sucessora no trono, Isabel, por sua vez, não tinha autoridade própria.

O federalismo fortalecera-se com a expansão do café no oeste do estado de São Paulo, início do processo de deslocamento do centro econômico do país para essa província. Outros focos importantes do republicanismo, as escolas superiores de direito, medicina e engenharia e a Escola Militar, marcavam importante presença.

A geração mais velha de militares que lutara no Paraguai e se acostumara a ocupar cargos políticos passou a desafiar a elite civil em nome de interesses corporativos.

A geração mais nova saía da Escola Militar e estava impregnada de filosofias, literatura e política. Entre as filosofias, predominava o positivismo ensinado pelo major Benjamin Constant. O positivismo considerava a república um avanço no progresso das sociedades. Os conflitos tiveram início em 1886 e culminariam no desfile militar de 15 de novembro de 1889, em que se uniram as duas gerações, a de Deodoro e a dos jovens oficiais.

O imperador reagiu aos acontecimentos de 15 de novembro entre cético e apático. Quando lhe informaram que a República fora proclamada, retrucou que seria sua aposentadoria, já trabalhara muito. Na madrugada do dia 17 foi embarcado com a família e alguns amigos no vapor Parnaíba que os levou ao Alagoas para a viagem de exílio, tendo antes rejeitado os cinco mil contos de subsídio oferecidos pelo governo provisório.

Avanços sociais de seu governo

- Apresentou projetos abolicionistas ao Conselho de Estado, que tinha por foco aprovar o projeto do Ventre Livre (atribuído ao visconde do Rio Branco, presidente do Conselho de Ministros – 1871 a 1875), o que provocou atrito com proprietários rurais das províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.

- Tema importante da década foi a introdução da eleição direta. Eleições viciadas, sempre ganhas pelo governo, eram objeto de constante preocupação do imperador. Se o eleitorado nunca derrotava o partido que estava no governo, o chefe de Estado tinha que recorrer às atribuições do Poder Moderador para promover a rotatividade. Essa intervenção era desgastante e dava margem a acusações de abuso do poder pessoal. A lei de reforma eleitoral de 1881, apoiada pelo imperador, buscou resolver o problema introduzindo a eleição direta. Mas a lei cometeu o grande equívoco de eliminar boa parte do eleitorado ao proibir o voto do analfabeto. O Congresso fortaleceu-se perante o Poder Moderador, mas se divorciou do país.

- A grande questão dos anos 1880, no entanto, foi a abolição. Em 1884, o imperador apoiou a proposta do gabinete Dantas de libertar os sexagenários sem indenização. A lei aprovada em 1885, com cláusula de indenização, desagradou a abolicionistas e a escravistas. Cresceu, então, a maré abolicionista. Com o aberto endosso da princesa Isabel, de novo na regência, o Congresso cedeu e votou a abolição em 1888. O imperador achava-se de novo na Europa, desta vez para tratamento de saúde.

O legado de um grande estadista

Dom Pedro II governou o Brasil durante 49 anos. Nenhum outro chefe de Estado, à exceção de Getúlio Vargas, e mais recentemente Jair Bolsonaro (em seus parcos 4 anos de governo) marcou tanto quanto ele a história do país. Deixou consolidada a unidade nacional, resolvido o problema da escravidão, enraizadas as instituições e as práticas do sistema representativo de governo e da liberdade de imprensa. Como homem público, foi um obcecado pelo trabalho e pelo respeito escrupuloso às leis e à ética. Apaixonado pela educação e pela cultura, foi incentivador de artistas e cientistas, a quem fazia doações e distribuía bolsas de estudo. Sofreu muitas críticas, sobretudo nos últimos anos de seu governo. Criticavam-no por interferir demais e por interferir de menos. Seus escrúpulos legalistas sem dúvida o impediram de agir com mais energia em algumas causas como a da escravidão. A paz e a centralização política do Segundo Reinado podem ter refreado forças de inovação. Mas, como mostrava o exemplo dos outros países da América ibérica, a agitação política nem sempre inovava e quase sempre provocava guerras civis, golpes de estado, rompimento dos sistemas representativos de governo.

Legado Econômico

  • Expansão do café: O Segundo Reinado foi o período da maior expansão do café, que se tornou o principal produto de exportação, impulsionando a economia e o desenvolvimento de outras áreas, como os portos e as ferrovias. 
  • Criação de infraestrutura: Houve um investimento significativo em infraestrutura, com a construção de ferrovias, introdução do telégrafo e aparelhos telefônicos, o que facilitou o transporte do café e a comunicação no país. 
  • Desenvolvimento industrial: O Brasil deu os primeiros passos na industrialização, com figuras como o Barão de Mauá desempenhando um papel importante no início do setor. 

Legado Social

  • Abolição da escravatura: A Lei Áurea, de 1888, extinguiu formalmente a escravidão, embora as marcas dessa exploração persistam até hoje na desigualdade social e no racismo. 
  • Lei de Terras: Esta lei restringiu o acesso à terra a quem a pudesse comprar, limitando as oportunidades para os mais pobres e reforçando a dependência dos latifundiários. 
  • Imigração europeia: A busca por mão de obra para as lavouras de café levou à imigração em larga escala de europeus, transformando a composição social e cultural de algumas regiões. 

Legado Político

  • Estabilidade política: D. Pedro II conseguiu manter o equilíbrio entre os partidos liberal e conservador, garantindo um período de relativa estabilidade e consolidação da monarquia. 
  • Centralização do poder: O imperador reforçou o Poder Central e, através de medidas como a reforma do Código do Processo Criminal, retirou poder das províncias, centralizando a administração. 
  • Declínio do Império: Apesar da estabilidade inicial, o Segundo Reinado terminou com o fim da monarquia, principalmente devido à questão abolicionista e à ascensão de ideais republicanos. 

Legado Cultural

  • Destaque cultural: A cultura brasileira floresceu, com destaque para a música de Carlos Gomes e a obra da compositora Chiquinha Gonzaga. Era fluente em latim, grego, francês, inglês e alemão. Além disso, apoiava a ciência, a literatura e as artes, e mantinha correspondência com figuras como Charles Darwin e Victor Hugo.
  • Apreço pela modernidade: D. Pedro II era um intelectual que valorizava as inovações tecnológicas da época, como o telefone e o telégrafo, e fomentou seu uso no Brasil. 

Um destaque curioso

Nosso Imperador fez uma longa visita aos EUA em 1876, causando boa impressão na população devido à sua erudição e curiosidade. Ao todo, Dom Pedro II ficou três meses no país, percorrendo vinte e dois estados. Nessa visita conheceu escolas, fábricas, prisões, hospitais, bibliotecas e instituições religiosas, angariando simpatia por onde andava. Sua passagem mais marcante aconteceu na abertura da Exposição Universal, na Filadélfia, uma vez que esse evento de divulgação científica, que celebrava o centenário da independência dos EUA, foi aberto por ele e pelo então presidente Ulysses S. Grant. Um admirador escreveu ao jornal The New York Herald lançando, de forma bem-humorada, uma chapa presidencial encabeçada pelo imperador para as eleições de 1876. “De nossa parte, nomeamos Dom Pedro e Charles Francis Adams (descendente de John Adams, um dos ‘pais fundadores’ dos EUA) para nossa chapa do Centenário para presidente e vice-presidente. Estamos cansados de pessoas comuns e temos a disposição de seguir em frente com estilo”.

Que Dom Pedro II foi o último monarca do Brasil, todos sabemos, mas que o nosso imperador, em 1877, foi candidato indireto à presidência da que viria a ser a maior potência do mundo e tivesse obtido cerca de 15.000 votos é do conhecimento de poucos.

Concluindo,

” Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”.

Preparar governantes para conduzir um Brasil-continente é uma tarefa de extrema dificuldade. Quando olhamos o histórico do passado e o atual período republicano ficamos ruborizados ao compararmos com o preparo de nosso segundo imperador. Sem medo de errar foi o maior estadista do Brasil, apesar das diversas crises que enfrentou em seu governo. Seu reinado foi marcado pela estabilidade política e pelo respeito às leis, o que, por um lado, ajudou a manter a paz, mas por outro, pode ter impedido ações mais enérgicas.

Dom Pedro passou toda sua vida envolvido em profundo drama pessoal, que não procurava ocultar. Como monarca, Dom Pedro II cumpria escrupulosamente seus deveres de chefe de Estado, mal suportando o peso da pompa do poder. Como Pedro d’Alcântara, suas paixões estavam no estudo, na leitura, nas viagens, no amor da condessa de Barral. Os dois Pedros uniam-se, no entanto, em uma paixão mais forte, a paixão pelo Brasil.

Morreu no exílio, em Paris, aos 6 dias de dezembro de 1.891, com 66 anos; algumas décadas depois sua memória e sua imagem foram reabilitadas.

Por Edson Silva, 22/09/2025.

Fontes:

ChatGPT [Modelo de linguagem grande]. Acessado em 15 de Setembro de 2025. 

https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america

https://gestordecrises.com.br/dom-pedro-ii-candidato-a-presidente-dos-eua/

BEDIAGA, B. Diário do Imperador; CARVALHO, J. D. Pedro II; LIRA, H. História; PEDRO II. Conselhos; SCHWARCZ, L. Barbas.

 

2 comentários:

  1. Como sempre, um excelente texto. A cultura de Dom Pedro II é admirável, ainda mais considerando a época que viveu. Gratíssima.

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    1. Obrigado pela sua participação, Érica. Precisamos resgatar a história de nossos heróis, talvez assim possamos inspirar nossos atuais governantes.

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