200 anos do nascimento de um brasileiro apaixonado pelo Brasil
Pedro de Alcântara João Carlos
Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel
Rafael Gonzaga, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1.825.
Aclamado imperador em 1831 (aos 6
anos de idade). Submetido a uma educação espartana que tinha por objetivo
formar um príncipe perfeito, humano, justo, constitucional, pacifista,
tolerante.
Descolonização da América do
Sul
O movimento de descolonização na
América do Sul começou a ganhar força no início do século XIX, inspirado pelas
ideias iluministas e pelos eventos ocorridos na Europa. No entanto, o processo não
foi nada pacífico, com conflitos e instabilidades marcando muitos episódios de
descolonização.
A descolonização na América
portuguesa resultou na independência do Brasil (1822). Já a América espanhola fragmentou-se:
Venezuela (1811), Equador (1830), Bolívia (1825), Argentina (1816), Chile
(1818), Colômbia (1819), Paraguai (1811), Peru (1821), Uruguai (1828), Suriname
(1975), e Guiana (1966). A descolonização da América teve um impacto duradouro
na configuração geopolítica da região, dando origem a uma miríade de nações
independentes.
O desafio de manter a unidade
federativa no Brasil
Fortalecer o poder central, para
garantir a estabilidade, frente as diversas revoltas e movimentos separatistas
que contestaram a autoridade do governo imperial. O desafio era evitar que o
Brasil se fragmentasse, como aconteceu nas colônias hispano-americanas, que se
dividiram em vários países.
As estratégias usadas: (1) a manutenção
da unidade foi garantida por meio de uma combinação de medidas políticas,
diplomáticas e militares. (2) promoção do desenvolvimento econômico e a
modernização do Brasil, com o objetivo de fortalecer a nação.
O Imperador na linha do tempo
Aos 14 anos de idade (1840), manifestações de rua no Brasil promoveram um golpe de estado decretando a maioridade do monarca, iniciando assim o reinado de D. Pedro II. Nessa altura já se tinha definido os partidos que dominariam a política imperial – o Conservador e o Liberal.
Em 1843 casou-se (em casamento
arranjado) com Tereza Cristina. Em 1850 aboliu o tráfico de escravos,
pressionado pelos britânicos. Em 1853, com alguma dificuldade implantou uma
política de conciliação dos Conservadores e Liberais, que desde a regência
vinham se digladiando. No decorrer da década seguinte o Império enfrentou a
Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870). Nesse grande embate da América do Sul
as atitudes do líder da nação se contrapõem à sua natureza pacifista. Talvez o
tenha feito por considerar a honra do país algo intocável; nesse interim já se
consolidava o partido Progressista, consoante o término do conflito sul-americano.
A guerra provocou um aumento significativo da dívida externa. Na política, o
último ano do conflito foi marcado pela publicação do Manifesto Republicano.
Entre maio de 1871 e março de
1872 realizou sua primeira viagem ao exterior, experiência que elevou seu
conhecimento pela arte e cultura de outros países (antes só conhecida pelos
livros). Em 1876 seguiu para os Estados Unidos da América com o mesmo fito. Nas
duas experiências internacionais anotava tudo o que podia ser aplicado no
Brasil. Novamente foi à Europa, onde teve o famoso encontro com Victor Hugo,
que o chamou “neto de Marco Aurélio”.
Em 1888 o Congresso cedeu e votou
a abolição. O imperador achava-se de novo na Europa, desta vez para tratamento
de saúde. Após o regresso do imperador, os acontecimentos precipitaram-se.
Doente, ele não detinha mais o controle da política. Sua sucessora no trono, Isabel,
por sua vez, não tinha autoridade própria.
O federalismo fortalecera-se com
a expansão do café no oeste do estado de São Paulo, início do processo de
deslocamento do centro econômico do país para essa província. Outros focos
importantes do republicanismo, as escolas superiores de direito, medicina e
engenharia e a Escola Militar, marcavam importante presença.
A geração mais velha de militares
que lutara no Paraguai e se acostumara a ocupar cargos políticos passou a
desafiar a elite civil em nome de interesses corporativos.
A geração mais nova saía da
Escola Militar e estava impregnada de filosofias, literatura e política. Entre
as filosofias, predominava o positivismo ensinado pelo major Benjamin Constant.
O positivismo considerava a república um avanço no progresso das sociedades. Os
conflitos tiveram início em 1886 e culminariam no desfile militar de 15 de
novembro de 1889, em que se uniram as duas gerações, a de Deodoro e a dos
jovens oficiais.
O imperador reagiu aos
acontecimentos de 15 de novembro entre cético e apático. Quando lhe informaram
que a República fora proclamada, retrucou que seria sua aposentadoria, já
trabalhara muito. Na madrugada do dia 17 foi embarcado com a família e alguns
amigos no vapor Parnaíba que os levou ao Alagoas para a viagem de exílio, tendo
antes rejeitado os cinco mil contos de subsídio oferecidos pelo governo
provisório.
Avanços sociais de seu governo
- Apresentou projetos
abolicionistas ao Conselho de Estado, que tinha por foco aprovar o projeto do
Ventre Livre (atribuído ao visconde do Rio Branco, presidente do Conselho de
Ministros – 1871 a 1875), o que provocou atrito com proprietários rurais das
províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
- Tema importante da década foi a
introdução da eleição direta. Eleições viciadas, sempre ganhas pelo governo,
eram objeto de constante preocupação do imperador. Se o eleitorado nunca
derrotava o partido que estava no governo, o chefe de Estado tinha que recorrer
às atribuições do Poder Moderador para promover a rotatividade. Essa
intervenção era desgastante e dava margem a acusações de abuso do poder
pessoal. A lei de reforma eleitoral de 1881, apoiada pelo imperador, buscou
resolver o problema introduzindo a eleição direta. Mas a lei cometeu o grande
equívoco de eliminar boa parte do eleitorado ao proibir o voto do analfabeto. O
Congresso fortaleceu-se perante o Poder Moderador, mas se divorciou do país.
- A grande questão dos anos 1880,
no entanto, foi a abolição. Em 1884, o imperador apoiou a proposta do gabinete
Dantas de libertar os sexagenários sem indenização. A lei aprovada em 1885, com
cláusula de indenização, desagradou a abolicionistas e a escravistas. Cresceu,
então, a maré abolicionista. Com o aberto endosso da princesa Isabel, de novo
na regência, o Congresso cedeu e votou a abolição em 1888. O imperador
achava-se de novo na Europa, desta vez para tratamento de saúde.
O legado de um grande
estadista
Dom Pedro II governou o Brasil
durante 49 anos. Nenhum outro chefe de Estado, à exceção de Getúlio Vargas, e
mais recentemente Jair Bolsonaro (em seus parcos 4 anos de governo) marcou
tanto quanto ele a história do país. Deixou consolidada a unidade nacional,
resolvido o problema da escravidão, enraizadas as instituições e as práticas do
sistema representativo de governo e da liberdade de imprensa. Como homem
público, foi um obcecado pelo trabalho e pelo respeito escrupuloso às leis e
à ética. Apaixonado pela educação e pela cultura, foi incentivador de
artistas e cientistas, a quem fazia doações e distribuía bolsas de estudo.
Sofreu muitas críticas, sobretudo nos últimos anos de seu governo.
Criticavam-no por interferir demais e por interferir de menos. Seus escrúpulos
legalistas sem dúvida o impediram de agir com mais energia em algumas causas
como a da escravidão. A paz e a centralização política do Segundo Reinado podem
ter refreado forças de inovação. Mas, como mostrava o exemplo dos outros países
da América ibérica, a agitação política nem sempre inovava e quase sempre
provocava guerras civis, golpes de estado, rompimento dos sistemas
representativos de governo.
Legado Econômico
- Expansão do café: O Segundo Reinado foi
o período da maior expansão do café, que se tornou o principal produto de
exportação, impulsionando a economia e o desenvolvimento de outras áreas,
como os portos e as ferrovias.
- Criação de infraestrutura: Houve um
investimento significativo em infraestrutura, com a construção de
ferrovias, introdução do telégrafo e aparelhos telefônicos, o que
facilitou o transporte do café e a comunicação no país.
- Desenvolvimento industrial: O Brasil
deu os primeiros passos na industrialização, com figuras como o Barão de
Mauá desempenhando um papel importante no início do setor.
Legado Social
- Abolição da escravatura: A Lei Áurea,
de 1888, extinguiu formalmente a escravidão, embora as marcas dessa
exploração persistam até hoje na desigualdade social e no racismo.
- Lei de Terras: Esta lei restringiu o
acesso à terra a quem a pudesse comprar, limitando as oportunidades para
os mais pobres e reforçando a dependência dos latifundiários.
- Imigração europeia: A busca por mão de
obra para as lavouras de café levou à imigração em larga escala de
europeus, transformando a composição social e cultural de algumas
regiões.
Legado Político
- Estabilidade política: D. Pedro II
conseguiu manter o equilíbrio entre os partidos liberal e conservador,
garantindo um período de relativa estabilidade e consolidação da
monarquia.
- Centralização do poder: O imperador
reforçou o Poder Central e, através de medidas como a reforma do Código do
Processo Criminal, retirou poder das províncias, centralizando a
administração.
- Declínio do Império: Apesar da
estabilidade inicial, o Segundo Reinado terminou com o fim da monarquia,
principalmente devido à questão abolicionista e à ascensão de ideais
republicanos.
Legado Cultural
- Destaque cultural: A cultura brasileira
floresceu, com destaque para a música de Carlos Gomes e a obra da
compositora Chiquinha Gonzaga. Era fluente em latim, grego, francês,
inglês e alemão. Além disso, apoiava a ciência, a literatura e as artes, e
mantinha correspondência com figuras como Charles Darwin e Victor Hugo.
- Apreço pela modernidade: D. Pedro II
era um intelectual que valorizava as inovações tecnológicas da época, como
o telefone e o telégrafo, e fomentou seu uso no Brasil.
Um destaque curioso
Nosso Imperador fez uma longa
visita aos EUA em 1876, causando boa impressão na população devido à sua
erudição e curiosidade. Ao todo, Dom Pedro II ficou três meses no país,
percorrendo vinte e dois estados. Nessa visita conheceu escolas, fábricas,
prisões, hospitais, bibliotecas e instituições religiosas, angariando simpatia
por onde andava. Sua passagem mais marcante aconteceu na abertura da Exposição
Universal, na Filadélfia, uma vez que esse evento de divulgação científica, que
celebrava o centenário da independência dos EUA, foi aberto por ele e pelo
então presidente Ulysses S. Grant. Um admirador escreveu ao jornal The New York
Herald lançando, de forma bem-humorada, uma chapa presidencial encabeçada pelo
imperador para as eleições de 1876. “De nossa parte, nomeamos Dom Pedro e
Charles Francis Adams (descendente de John Adams, um dos ‘pais fundadores’ dos
EUA) para nossa chapa do Centenário para presidente e vice-presidente. Estamos
cansados de pessoas comuns e temos a disposição de seguir em frente com estilo”.
Que Dom Pedro II foi o último monarca
do Brasil, todos sabemos, mas que o nosso imperador, em 1877, foi candidato
indireto à presidência da que viria a ser a maior potência do mundo e tivesse
obtido cerca de 15.000 votos é do conhecimento de poucos.
Concluindo,
” Se não fosse imperador,
desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir
as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”.
Preparar governantes para
conduzir um Brasil-continente é uma tarefa de extrema dificuldade. Quando olhamos
o histórico do passado e o atual período republicano ficamos ruborizados ao
compararmos com o preparo de nosso segundo imperador. Sem medo de errar foi o maior
estadista do Brasil, apesar das diversas crises que enfrentou em seu governo. Seu
reinado foi marcado pela estabilidade política e pelo respeito às leis, o que,
por um lado, ajudou a manter a paz, mas por outro, pode ter impedido ações mais
enérgicas.
Dom Pedro passou toda sua vida
envolvido em profundo drama pessoal, que não procurava ocultar. Como monarca, Dom
Pedro II cumpria escrupulosamente seus deveres de chefe de Estado, mal
suportando o peso da pompa do poder. Como Pedro d’Alcântara, suas paixões
estavam no estudo, na leitura, nas viagens, no amor da condessa de Barral. Os
dois Pedros uniam-se, no entanto, em uma paixão mais forte, a paixão pelo
Brasil.
Morreu no exílio, em Paris, aos 6
dias de dezembro de 1.891, com 66 anos; algumas décadas depois sua memória e
sua imagem foram reabilitadas.
Por Edson Silva, 22/09/2025.
Fontes:
ChatGPT [Modelo de linguagem
grande]. Acessado em 15 de Setembro de 2025.
https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america
https://gestordecrises.com.br/dom-pedro-ii-candidato-a-presidente-dos-eua/
BEDIAGA, B. Diário do Imperador; CARVALHO, J. D. Pedro II; LIRA, H. História; PEDRO II. Conselhos; SCHWARCZ, L. Barbas.

