Economia e política mundial – a quem cabe o poder de decisão
A pandemia Covid 19 abalou os
alicerces desse intrincado jogo de poder político e econômico da geopolítica do
globo? Os setores indústria, serviços e agronegócios foram afetados por esse
caos sanitário? Economia de quais países sentiram suas contas público/privadas/sociais
serem abaladas? Ou as transformações nesse jogo de xadrez já estava delineado, independente
do problema sanitário?
PIB de US$ 60 trilhões de Emergentes
muda Economia global - Economia mundial passa por várias transformações ao
mesmo tempo, mas a mudança mais impactante é o crescimento das economias dos
maiores países emergentes (palestra no evento Radar Pocket Finanças, Escola de
Negócios Fiesc, por Marcos Troyjo, até então presidente do Banco dos
BRICS). Esse PIB dos Emergentes tratado acima vincula esses valores aos
participantes do BRICS.
No ano 2.000, o PIB do G7 era
de US$ 22,1 trilhões, equivalente a 65% da economia do mundo.
Segundo dados do Banco Mundial, em 2022, o PIB somado dos países G7 foi
de US$ 43,5 trilhões, o que representa 43% da economia mundial, para
um PIB global de US$ 100,6 trilhões. O Grupo dos Sete (G7) é o grupo dos países mais industrializados do mundo.
Projeção
de cenário da economia mundial
A empresa
de consultoria PricewaterhousweCoopers (PwC) tem publicado regularmente um
estudo com cenários sobre a situação econômica mundial projetada para o ano
de 2050.
Durante a
segunda metade a segunda metade do século XX os sete maiores países
capitalistas (G7 – EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá)
dominavam o cenário econômico e político do mundo. Porém, tudo indica que a
dinâmica econômica da primeira metade do século XXI será dominada pelos sete
maiores países Emergentes (E7 – China, Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, México
e Turquia). A ultrapassagem da emergência deve, em tese, ter acontecido em 2017,
quando os países emergentes (E7) deveriam superar o tamanho da Economia do G7.
O Produto
Interno Bruto dos 14 países do mundo projetados (em poder de paridade de compra
– ppp) para 2050.
|
Projeção
2011 U$
trilhões / 2050 |
Projeção
2013 U$
trilhões / 2050 |
Realidade
2023 US$
trilhões |
China |
59,
5 |
56,9 |
17,7 |
Índia |
43,2 |
34,7 |
3,73 |
EUA |
37,9 |
37,9 |
26,95 |
Brasil |
9,8 |
8,8 |
2,13 |
Japão |
7,7 |
8,1 |
4,23 |
Rússia |
7,6 |
8,0 |
1,86 |
México |
6,7 |
7,4 |
1,81 |
Indonésia |
6,2 |
6,3 |
1,42 |
Alemanha |
5,7 |
5,8 |
4,43 |
Reino
Unido |
5,6 |
5,6 |
3,33 |
França |
5,3 |
5,7 |
3,05 |
Turquia |
5,2 |
5,0 |
1,15 |
Itália |
3,8 |
3,9 |
2,19 |
Canadá |
3,3 |
3,5 |
2,12 |
PwC, 2014; Poder 360,
2023
As
projeções desse estudo apontam um PIB, em 2050, de U$ 124,1 trilhões
de dólares para o E7 e de U$ 70,5 trilhões de dólares para o G7.
Apesar da queda da Índia e Brasil, em ambas as projeções a China passa os EUA
em 2017, e se torna a maior economia do globo.
Na
evolução desses estudos projetados para 2050, o PIB mundial na virada do
milênio era de U$ 42 trilhões de dólares. O PIB do G7 quase dobrou, enquanto
dos Emergentes (E7) quase triplicaram o valor do PIB dos anos 2.000. Frise-se,
é apenas um exercício, uma projeção. Nada garante que de fato irão ocorrer,
como não ocorreu até a presente data, em relação as duas maiores
potências econômicas.
As
projeções da PwC trazem embutidas um crescimento do PIB mundial de quase 6
vezes na primeira metade do século XXI. Esse fato significaria que a Pegada Ecológica
iria superar a Biocapacidade da Terra em 6 vezes.
Avanço dos
Emergentes
A
configuração da economia global na atualidade já contempla um novo e
interessante cenário. Segundo Troyjo, a soma do PIB medido pelo poder de
compra do G7 atinge hoje (final de 2022) algo em torno de US$ 49 trilhões.
Nesse mesmo período a soma do PIB das maiores economias emergentes do mundo
(que ele apelida E7) já chega a US$ 60 trilhões.
Renda per
capita e população dos E7
Países |
Renda
per capita |
População |
China
|
10.098 |
1.429.921.746 |
Índia |
2.171 |
1.426.391.281 |
Brasil |
11.075 |
203.080.756 |
Rússia |
11.162 |
146.140.931 |
Indonésia |
4.163 |
277.184.719 |
México |
10.118 |
134.127.189 |
Turquia |
8.957 |
84.339.067 |
Todos
os Países G7 |
49.357
(média) |
775.112.161 |
Todos os
países E7 referendado |
8.249
(média) |
3.701.185.689 |
Segundo a
FAO, EuroStat e a Statista, os cinco países que mais produziram itens agrícolas
em 2022 foram a China, a Índia, os Estados Unidos, o Brasil e a Rússia. Apesar de
muita produção ainda necessitam importar para atender a demanda por alimento de
seu povo.
Surge uma
outra oportunidade que o Brasil não pode desperdiçar – o despertar
internacional para a questão da segurança alimentar. O Brasil deve ficar atento
ao crescimento populacional dos países asiáticos e o aumento de suas rendas per
capita. Na Índia, a renda mais do que dobrará nos próximos 10 anos. O
Brasil tem espaço para atender sua necessidade alimentar, como dos demais
Emergentes.
A China,
elevou substancialmente sua renda per capita, e ao longo dessas últimas
duas décadas os embarques totais, do Brasil, cresceram de US$ 1,1 bilhão em
2.000 para US$ 89,5 bilhões em 2022, em valores correntes. Para o agro, os
números subiram de US$ 561 milhões em 2000 para US$ 50,7 bilhões em 2022 – um
impressionante crescimento de 22,7% ao ano no transcurso desse curto período.
Na
atualidade exportamos para a China 70% de nossa produção de soja, 43% da carne
bovina, 33% da celulose, 51% da carne suína, 17% da carne de frango, 15% da
produção de açúcar, 29% do algodão – em suma 34% de nossa produção.
Pessoas de
países com grau de evolução econômica em ascensão ampliam a ingestão de
alimentos, nutrientes e calorias, primariamente.
O Brasil
tem um grande diferencial em seu rico lençol freático, que deixa o país
estrategicamente mais bem posicionado para continuar a alimentar o mundo
futuro, com uma agricultura cada vez mais verde, “smart” e tecnológica. Há mais
tecnologia em um grão de soja no Brasil do que num parafuso, que pode estar
sendo beneficiado por medidas protecionistas.
Mas necessário
se faz cumprirmos alguns deveres de casa – reformas tributárias,
administrativas e outras.
Concluindo,
Cada ser
humano precisa cerca de 2 mil calorias por dia, que são geradas a partir do
consumo de proteínas, carboidratos, vitaminas, fibras, gorduras, açúcares e
outros nutrientes produzidos em cerca de 40% da área do globo terrestre
dedicada à agricultura e pecuária. No Brasil a produção agrícola ocupa 7,8% de
sua área territorial, e outros 13,2% de pastagens plantadas para a pecuária
(EMBRAPA, 2018).
Olhando
pelo lado da justiça social, o rápido crescimento dos países emergentes (e mais
populosos) poderia ser um fato positivo para os cenários das desigualdades
internacionais de renda e para a redução da pobreza. A dúvida: haverá bases
materiais para uma expansão econômica tão rápida? O meio ambiente e a
biodiversidade irão fornecer os recursos naturais necessários, ou poderão
entrar em colapso?
Diante do
exposto, como está o Brasil nesse intrincado e competitivo jogo de poder? Já
trocamos nossa peça (peão) pela rainha, de forma a nos movimentar mais livremente
nesse tabuleiro geopolítico, ou continuaremos coadjuvante? “Cavalo encilhado
não passa duas vezes”, nos diz o ditado gaúcho.
Por Edson
Silva, 04 de janeiro 2024.
Fontes de Consulta
https://www.poder360.com.br/economia/g7-teve-a-menor-participacao-do-pib-global-em-2022-desde-2000/
https://news.agrofy.com.br/noticia/201932/quem-sao-os-maiores-produtores-agricolas-do-mundo
https://news.agrofy.com.br/noticia/201932/quem-sao-os-maiores-produtores-agricolas-do-mundo
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/12/20/brasil-lista-maiores-economias-2023-pib.htm