“Teixeirão”, guerreiro de selva, o líder certo, na hora certa para Rondônia.
Na mitologia grega, encontramos
Midas, rei que tudo que tocava transformava em ouro. Hoje essa expressão “toque
de Midas” é utilizada para pessoas que tem a habilidade de fazer tudo que
assumem tornar próspero.
Toque de Midas - seria esse o mais destacado dom que
Deus habilitou o homem Jorge Teixeira de Oliveira? Destaco alguns de seus
momentos em nossa Amazônia e juntos, com sua leitura faremos essa reflexão de
reconhecimento desse ser humano - hábil, sábio e cumpridor de suas missões.
Jorge Teixeira de Oliveira - filho
de Adamastor Teixeira de Oliveira e Durvalina Estibem de Oliveira, nasceu em 1
de junho de 1921 em General Câmara/RGS. Casou-se com Aida Fibiger de Oliveira
com quem teve o filho Rui Guilherme F. Teixeira de Oliveira e Tsuyoshi Myamoto
(adotivo). Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 28 de janeiro de 1987.
“Sou um
homem muito simples e vivo em termos de missão” (12.12.81, Teixeirão).
Trajetória
Formado Aspirante a oficial na
Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN – em 1947. Foi o primeiro comandante
do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS); o primeiro comandante do
Colégio Militar de Manaus; entrou para a Reserva do EB em 1973; nomeado
Prefeito de Manaus em 1975, administrou a capital até março de 1979; nomeado
Governador do Território Federal de Rondônia em abril de 1979, pelo então
Presidente João Figueiredo, recebendo a missão de transformá-lo em Estado, o
que aconteceu em 22 de dezembro de 1981 (Lei Complementar n. 41). No dia 15 de
maio de 1985 passou o governo do Estado de Rondônia para o dep. Estadual Ângelo
Angelin.
Carreira
Militar
Primeiro paraquedista militar brasileiro
a saltar de um avião a jato; instalou três (3) unidades do Exército brasileiro:
(1) o embrião do 7º Grupo de Artilharia em Olinda/PE, (2) o Centro de Instrução
de Guerra na Selva em Manaus, (3) o Colégio Militar de Manaus. Criou ainda o Círculo
Militar de Manaus, sendo seu primeiro presidente.
CIGS
Tendo por patrono o Cel Art. Jorge
Teixeira de Oliveira foi criado o CIGs em 02 de março de 1964, pelo Decreto n. 53649,
sendo nomeado seu primeiro comandante o Major de Artilharia Jorge Teixeira de
Oliveira. Em outubro de 1970 passou a designar-se Centro de Operações na Selva
e Ações de Comandos, com a missão de ministrar cursos de Operações na Selva e
de Ações de Comandos. O primeiro curso de Guerra na Selva funcionou no ano de
1966.
Como primeiro comandante do CIGs,
TEIXEIRÃO, como o chamavam, formou o núcleo inicial de recursos humanos com uma
equipe de militares enviados ao Panamá, onde se tornaram os primeiros “jungle
experts brasileiros” no Jungle Operations Training Center.
SELVA ! – a ele se deve esse brado.
O CIGs não dispunha de ficha de serviço de viatura em seus primeiros dias, o
que levava a sentinela a perguntar o destino das viaturas que saiam do quartel.
Quase sempre recebia uma resposta apressada e lacônica – SELVA! – era o seu
destino. A resposta curta, tão repetida, fez-se saudação espontânea e vibrante,
alastrou-se, expandiu o seu significado, ecoou por toda a Amazônia, contagiando
a todos com o mesmo ideal.
Reconhecendo a importância do
trabalho pioneiro do “TEIXEIRÃO”, O Exército Brasileiro concedeu ao Centro de Instrução
de Guerra na Selva – CIGs, a denominação histórica de Centro Coronel Jorge
Teixeira. É uma justa homenagem àquele que legou às gerações posteriores uma
escola militar ímpar, considerada a melhor escola de guerra na selva do mundo.
CMM
Criado no governo do presidente
Emílio Garrastazu Médici, pelo Decreto-Lei 68.996/71 o Colégio Militar de
Manaus inaugurou suas atividades em 7 de abril de 1972, tendo como idealizador
e primeiro comandante o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, tendo ficado na
função de Diretor-comandante até sua passagem para a reserva em 1973.
Prefeito de Manaus
Foi o prefeito de n. 62, pela ARENA.
Seu estilo arrojado de trabalho o conduziu à Prefeitura de Manaus (1974-1979),
nomeado pelo Presidente Ernesto Geisel, quando tirou a capital amazonense do
marasmo, em pouco tempo transformando-a em uma moderna e bonita Metrópole.
Em sua gestão como prefeito
demonstrou ser um líder carismático e estimulou a população para os avanços da
cidade que despontava com o surgimento da Zona Franca de Manaus.
Governador do Território Federal de
Rondônia
Instalou-se em Rondônia em 10 de
abril de 1979, nomeado pelo presidente João Figueiredo, com a missão de
preparar o Território Federal em Rondônia em Estado. A tarefa do novo
governador nomeado era preparar administrativa, econômica e politicamente o
território federal para alcançar o status de estado federativo. Novos núcleos de
colonização surgiam ao longo da BR 364, e para áreas interioranas do território.
O censo demográfico de 1980 demonstrou que Rondônia havia crescido em
proporções muito maiores do que havia sido previsto. O crescimento das receitas
e da economia, o desenvolvimento da agricultura, o impulso ganho pela pecuária,
a indústria madeireira tomando corpo com o aproveitamento da abertura da
floresta, colocava Rondônia nos noticiários nacionais como novo celeiro do
Brasil.
Nesse período a abertura de novas
estradas impulsionou a agricultura e criou municípios: Colorado do Oeste,
Espigão D’Oeste, Presidente Médici, Ouro Preto do Oeste, Jaru, Costa Marques.
Construção da Esplanada das Secretarias e criação de instituições que deram
base estrutural para criação de um novo estado. Formou uma equipe de assessores
técnicos compostas por profissionais de nível superior e multidisciplinar.
Priorizava na equipe pessoas determinadas e ágeis que acompanhavam seu perfil
de cumpridor de missões.
Ainda assim, perdurava um problema
básico – geração de energia elétrica, que foi resolvido após a segunda metade
do ano de 1980, com a inauguração da Hidrelétrica de Samuel, apesar de extensas
áreas no interior continuarem sofrendo de racionamento de energia elétrica.
Em meados de 1981 as metas previstas
para a transformação do Território em Estado de Rondônia haviam sido atingidas,
e algumas até ultrapassadas, assim sendo proposto pelo Ministério do Interior
ao Presidente João Figueiredo a elevação de Rondônia a categoria de Estado.
Em 17.08.81 o Executivo Federal
encaminha ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Complementar 221, que foi
aprovado em 22 de dezembro de 1981 como Lei Complementar 41/81, que criava o
Estado de Rondônia – Missão cumprida, governador coronel Jorge Teixeira.
Governador do Estado de Rondônia
A instalação do Estado de Rondônia deu-se
em 04 de janeiro de 1982, sendo nomeado o coronel Jorge Teixeira como seu
primeiro governador. A posse aconteceu no mesmo dia e seus primeiros atos, a
estruturação do Judiciário e a criação do Tribunal de Contas do Estado. A
transformação em Estado e o surto migratório intensos permitem entender a
rápida criação de novos municípios.
Nas eleições de 15 de novembro de
1982 foram eleitos os primeiros eleitos pelo voto popular (3 senadores, 8
deputados federais, e 24 deputados estaduais). A maioria dos eleitos tinham o
apoio político de “Teixeirão”, que se revelou um grande líder político.
Construiu escolas na capital e
municípios e instituiu a Universidade Federal de Rondônia, interiorizando o
Ensino Superior para Ariquemes, Guajará-Mirim, Cacoal, Ji-Paraná, Presidente
Médici, Rolim de Moura e Vilhena; constituiu a Companhia de Mineração de
Rondônia, para organizar o setor de minerário; criou o Banco do Estado de
Rondônia, para ser o agente financeiro de fomento do desenvolvimento regional; construiu
hospitais e unidades especializadas de saúde; iniciou o projeto de construção
da usina Hidrelétrica de Samuel; apresentou o projeto e iniciou a execução do
asfaltamento da rodovia BR-364, determinante para o progresso e crescimento
regional, facilitando o transporte rodoviário e favorecendo o fluxo de
importação e exportação, ligando o Estado do Acre aos demais estados da União. Instalou
o sistema telefônico por discagem a distância; Criação do Polonoroeste,
financiado pelo governo federal e Banco Mundial.
Para consolidar Rondônia, o Estradeiro
da Floresta no célebre helicóptero Trovão Azul, viajava por todo o estado,
pousando e decolando até em campos de futebol. Precisava vistoriar obras em
diversas frentes, e não poupava assessores em visitar até cinco municípios num
só dia.
Jorge Teixeira, por Jorge Teixeira
Administrador, apolítico, ao estilo
das intenções militares modernizantes-conservadoras, modo de agir emocional,
muitas vezes transbordantes. Partidário da presença do tecnocrata na política e
na administração do Estado, devido ao caráter neutro que esse apresenta em prol
do desenvolvimento do país.
Como os demais militares, ocupa
função política apenas por ser necessária a organização do país, mas está
convencido de que não são políticos e sim militar no poder no Brasil, e quando
o país estiver preparado devolvem pouco a pouco o poder para os verdadeiros
donos da função - os políticos. A presença do militar é essencial para a
modernização do Brasil, principalmente na região norte, em pouco espaço de
tempo.
Homenagens pela figura militar
O Exército Brasileiro - EB,
comemora em 1 de junho o dia do Guerreiro de Selva, data de nascimento do
coronel Jorge Teixeira;
O EB nomeou Centro Coronel Jorge
Teixeira ao Centro de Instrução de Guerra na Selva - CIGs, em Manaus.
Homenagens pela figura política
Em Manaus, um dos maiores bairros
da cidade recebe seu nome, também praças levam seu nome; bairro Teixeira em
Parintins/AM.
Em Rondônia, a Assembleia
Legislativa concedeu-lhe o título de cidadão honorífico e aprovou a criação dos
municípios de Jorge Teixeira e Teixeirópolis - entrou para a história, virou
mito; uma das principais avenidas da cidade de Porto Velho recebe seu nome; ao
Aeroporto Internacional Gov. Jorge Teixeira em P. Velho; bairro Teixeirão em
Porto Velho e em Cacoal; ginásio poliesportivo Jorge Teixeira de Vilhena.
Concluo: um homem importante para a história
de Rondônia, liderança de personalidade forte e contraditória, representou com marcante
galhardia os interesses modernizadores dos militares para o desenvolvimento
econômico, social e político da região amazônica, nos anos 70 e 80.
Duas importantes lideranças
político-militares, coronel Jorge Teixeira e marechal Cândido Rondon, marcaram
a história da consolidação político-administrativa do Estado de Rondônia no
século 21. Estabeleceram marcos, estruturaram a geopolítica regional, assentaram
a soberania desse rincão nacional. Ambos, homens cumpridores de missão, que
abriram portas para um trabalho político que a sociedade rondoniense é ávida por
aperceber-se.
Quiçá identifiquemos homens com
vocação política que vejam nesses dois líderes arquétipos a ser seguidos.
Por Edson Silva, 28 de abril 2023.
Fontes bibliográficas
https://www.gentedeopiniao.com.br/colunista/anisio-gorayeb/jorge-teixeira-de-oliveira
https://cigs.eb.mil.br/materia/556-trinta-e-um-anos-de-falecimento-do-coronel-jorge-teixeira.html
https://cigs.eb.mil.br/index.php/o-cigs
http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364929577_ARQUIVO_PaolaForoni.pdf