Mestre em Ciências da Saúde, UnB; Auditor ISO 14.000; Auditor CONAMA 306; Pesquisador Saúde Pública

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Desde muito cedo despertei o interesse para entender o sentido de “Gigante pela própria natureza” inscrito em nosso belo Hino Nacional Brasileiro. No meu pequeno mundo isso tinha formato de um sonho. Sempre acreditei que o trabalho produziria um Futuro que espelha essa grandeza. Entretanto, não poderíamos esperar “Deitado eternamente em berço esplendido”. Então, me debrucei sobre os livros e outros informes. A história da expansão territorial do Brasil ainda tem sido pouco pesquisada por nossa historiografia, apesar da importância estratégica e atual que reveste a questão. O potencial dos seis Biomas do Brasil nos credencia a produzir alimento para parte significativa dos 195 países do globo. Certo que temos problemas maiúsculos na seara da saúde de nosso povo, saúde primária, saúde regionais, saúde provenientes de epidemias e pandemia novo coronavírus. Nada que planejamentos estratégicos, planos de governo e planos de estado, com boa vontade e união de governantes não possam resolver.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

O Brasil é maior que todos nós, reflete uma nação, um povo, um território.

 Império, República e contemporaneidade

Em dias pretéritos enfrentamos quadros políticos que merecem uma analogia com os atuais. No texto faço alusão a dois períodos que mudaram a trajetória de nosso Brasil. Esses momentos da história ocuparam um espaço de tempo e sacrifício da sociedade; aqueles acontecimentos ocorreram quando ainda tínhamos uma população com percentual elevado de analfabetos, com pouco, ou nenhum interesse pela geopolítica nacional. Nos dias atuais, uma população mais instruída, com maior interesse pelo processo político, não se deixa levar pelas mídias televisivas, mestres na criação de narrativas que sempre lhes favoreceram.

Uma mudança radical nas políticas públicas, privilegiando tendências ideológicas de qualquer natureza, fogem à vocação do POVO brasileiro, fatos que motivam os atuais movimentos populares em todos os rincões da nação, e a grita por socorro aos militares.

Nos querem induzir que militarismo e democracia não podem andar de mãos dadas. Ora, até o próprio conceito de democracia costumam deturpar, senão vejamos:

Os EUA, a mais próspera economia da Terra e o mais sólido modelo de democracia no mundo, já tiveram 31 presidentes militares, até o ano de 2018, dos 45 ocupantes da cadeira presidencial (Grover Cleveland é contado duas vezes na lista oficial, tendo sido o 22º e 24º presidente) - 69% dos ocupantes da cadeira presidencial tiveram um passado militar.

O Brasil possui uma forte tradição militar em sua história política. Nossa república foi proclamada por um marechal. Em nossa história republicana, já tivemos dez (10) presidentes militares (dentre os 38 empossados), incluindo os dois primeiros (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto), e outros cinco (5) durante o período militar, eleitos pelo voto indireto (1964 a 1985). Os outros três, até 2018, Hermes da Fonseca, Eurico Gaspar Dutra e Jair Bolsonaro foram eleitos pelo voto direto - 26% dos ocupantes da cadeira presidencial tiveram um passado militar.

https://www.politize.com.br/intervencao-militar-no-brasil/

Por que faço referência aos militares? Em todos os momentos decisivos da vida nacional eles tiveram atuação marcante sempre defendendo o POVO brasileiro. Juram defender o interesse do POVO. São e sempre foram uma instituição de Estado, não são instrumentos de Governo. O Estado é o POVO.

Os livros de história do Brasil, curiosamente tratam o período 1964-1985, governados por cinco militares, eleitos por voto indireto, de Ditadura Militar, e o período de 1930-1945 governados por Getúlio Vargas (também reduziu as liberdades civis e implantou a censura), simplesmente de Era Vargas.

Regime político, do Império a República – Brasil.

O segundo reinado da história do Brasil iniciou-se com o Golpe da Maioridade (permissão para D. Pedro assumir o trono com 14 anos, em 1840). Governou até 1889, com a Proclamação da República – 49 anos de reinado.

Em 1849 o Rio de Janeiro tinha 250 mil habitantes, dos quais 110 mil eram escravos (44% do total). A população urbana do Império representava cerca de 10% dos habitantes do país. São nesses anos que o Império começou a financiar a imigração europeia, procurando prover as fazendas de café.

Fases da monarquia:

- Consolidação (1840 a 1850), onde conciliou as disputas entre grupos políticos no Brasil;

- Auge (1850 a 1870), uma vez consolidado no poder era amplamente respeitado e as disputas políticas estavam sob controle;

- Declínio (1870 a 1889), iniciado a partir da Guerra do Paraguai quando perde parte de seu prestígio, e movimentos de contestação à monarquia surgem no Brasil.

Mudanças no Brasil

Esse período foi marcado por intensas disputas políticas que possuíam diferentes interesses, em especial os que defendiam o fim do trabalho escravo, abolicionistas contra os escravistas (defendiam a sua manutenção). Um novo produto, o café, tornou-se de vital importância na economia do país, plantado na região do vale do Paraíba e depois na região oeste de São Paulo. Como o movimento para a libertação dos escravos crescia, iniciava um aumento do fluxo de imigrantes para o Brasil (Itália, Portugal, Alemanha, Espanha, Japão, na década de 1880). Situação que enfraqueceu a monarquia.

Durante os 67 anos da monarquia abundam os exemplos de instabilidade política. No segundo reinado a estabilidade política foi conseguida pela alternância de gabinetes conservadores e liberais, que eram trocados numa média curta de tempo de alguns meses, o que certamente não podemos considerar um período que se considere símbolo de solidez e estabilidade.

Um divisor de águas foi a Guerra do Paraguai (choque de interesses do Brasil, Argentina e Uruguai X Paraguai), resultando para a monarquia: economia enfraquecida, 50 mil brasileiros mortos. A partir daí, o exército e o movimento republicano ganharam força nos quadros políticos do Brasil.

Três rupturas se fizeram evidentes, a partir da década de 1870: 1. A Questão religiosa, que marcou o afastamento entre Igreja Católica e Estado; 2. A Questão Militar, que marcou o afastamento das Forças Armadas (Marinha e Exército) e do Estado, em virtude das demandas não atendidas; 3. Questão Escravocrata, que marcou o afastamento dos escravistas e do Estado.

O fator principal para a queda da monarquia foram as sucessivas perdas de apoio político ao regime, como a dos militares, após a crise militar, e sobretudo a dos cafeicultores, após a Abolição. Não à toa a monarquia caiu 18 meses depois da Lei Aurea.

O monarca

Focou seu governo no desenvolvimento econômico e social do país, sendo construídas as primeiras linhas telegráficas e a primeira estrada de ferro do Brasil.

Viajou para diversas partes do país e do Mundo com o intuito de conhecer as diversas inovações tecnológicas e trazer para seu país natal.

D. Pedro II não era contra o movimento republicano, a ponto de afirmar em seu diário: “Abdicaria como meu pai se não me achasse ainda capaz de trabalhar para a evolução natural da república”. Entendia a república um estágio superior ao império, mas os brasileiros ainda precisavam receber uma educação de base para serem capazes de votar. A simpatia e respeito eram tamanhas que D. Pedro II chamava republicanos para ocuparem cargos no governo desde que fossem os mais bem preparados.

Educação e o recenseamento

O primeiro recenseamento da população brasileira foi realizado em 1872 (único durante o período monárquico), já que o segundo foi realizado já sob o governo republicano (1890).

ano

População acima de 15 anos

% de não alfabetizados

1872 (acima de 5 anos e mais)

8.854.774

82,3

1890 (acima de 5 anos e mais)

12.212.125

82,6

1920

26.042.442

64,9

1940

34.796.665

55,9

1950

42.573.517

50,5

1960

58.997.981

39,6

1970

79.327.231

33,6

1980

102.579.006

25,5

1990

130.283.402

19,4

2000

153.423.442

13,6

2019

210.100.000

6,6

Fonte: Brasil, Recenseamento Geral do Brasil, IBGE

O analfabetismo funcional, quando a pessoa reconhece letras e números, mas não consegue compreender textos simples nem realizar operações matemáticas, atinge cerca de 1/3 dos brasileiros, atualmente.

O analfabetismo é assunto de grande relevância na história do Brasil, já que expressa concretamente as injustiças e desigualdades que marcam profundamente a sociedade nacional. Esse debate ganhou grande destaque como um problema de ordem político, justamente no período em que a monarquia começava a esfacelar. A culpa pela corrupção do sistema parlamentar recaiu sobre os analfabetos e a solução apresentada para moralizar as eleições era retirar deles o direito de voto.

A Lei 3.029/1881 – Lei Saraiva, aprovava uma reforma eleitoral que exigia a capacidade de ler e escrever para votar.

1964 – Fatores desencadeantes do processo de governo do Regime Militar

Contexto político-social daquele momento: intensa crise-econômico-financeira; constantes crises político-institucionais; crise do sistema partidário; ampla mobilização política das classes populares; organização e ofensiva política dos setores militares, empresariais e classe média; ampliação do movimento sindical operário e dos trabalhadores do campo; acirramento da luta ideológica de classes.

Ambiente identificado: liberais e conservadores atribuem ao período e ao governo apenas aspectos negativos e perversos: baderna política, crise de autoridade, caos administrativo, inflação descontrolada, recessão econômica; quebra de hierarquia e indisciplina nas forças armadas; subversão da lei e da ordem e avanço das forças de esquerda e comunizantes.

Jango Goulart, presidia o Brasil, e o país vivia uma crise econômica e a instabilidade política se propagava, e o governante propunha reformas constitucionais que aceleraram a reação da sociedade – o clero conservador, a imprensa, o empresariado e a direita organizaram a “Marcha da família com Deus pela Liberdade”.

Atos públicos e manifestações de apoio e oposição ao governo eclodiram por todo o país. As Forças Armadas foram influenciadas pela polarização ideológica vivenciada pela sociedade brasileira naquela conjuntura política, ocasionando rompimento da hierarquia, devido à revolta de setores subalternos.

O movimento de 64 reuniu os mais variados setores sociais, desde Empresários e Latifundiários, Banqueiros, Igreja Católica e Militares. Todos temiam que o Brasil caminhasse para um regime socialista/comunista. O movimento não encontrou resistência popular, apenas algumas poucas manifestações que foram de pronto reprimidas.

Com a eclosão da rebelião em 31 de março em Minas Gerais, por meio dos militares e governadores, militares legalistas e rebelados, deslocaram-se para o combate, no entanto Jango não desejava a guerra civil. Na madrugada do dia 2 de abril, o Congresso declarou a vacância do cargo de Presidente. No dia 1 de abril, pela deposição de Jango encerrou o que foi chamada a 4ª República (1946-1964), iniciando assim governo do Regime Militar (1964-1985).

Poucas semanas após a edição do Ato Institucional n. 5/dez. 1968, o presidente Costa e Silva (1967-1969) decretou a aposentadoria de 3 dos 16 ministros do STF – Evandro Lins, Hermes Lima e Victor Nunes. Outros dois magistrados Gonçalves de Oliveira e Antônio Lafayette de Andrade, abandonaram o Colegiado em protesto contra as cassações. OBS: designado Supremo Tribunal Federal em 1890, a Corte jamais foi fechada.

Os livros sobre o tema afirmam que o regime instalado avançou sobre as liberdades políticas e direitos individuais.

2022 – Eleições e movimentos populares

Na atualidade tem sido recorrente manifestações civis pedindo por interveniência militar. Uma parcela bastante significativa da sociedade brasileira cobra das forças militares (instituição que tem maior credibilidade entre o cidadão) a mediação militar.

De fraudes eleitorais a corrupção sistêmica a sociedade brasileira enxerga na mediação militar/federal a resposta para o resgate da ordem, disciplina, hierarquia, segurança e respeito absoluto à autoridade; respeito a Deus, valores nacionalistas, defesa da Pátria e dos costumes integram valores que esses manifestantes, ordeiramente, têm como palavra de ordem.

O escrutínio popular não recebeu o aval do Ministério da Defesa, convidado que foi para avalizar uma auditoria – não lhes foram apresentados todos os elementos necessários para consolidar a efetiva auditagem

Circula nas redes sociais relação de convidados a ministro no governo eleito que respondem a processos judiciais. 

Propostas de governo do PT

1.Reforma da legislação trabalhista (realizado no governo Temer); 2.enfrentamento da pobreza (33 milhões de pessoas, resultado da alta da inflação, desemprego, queda de renda e enfraquecimento das políticas públicas); 3.reforma do sistema de segurança pública (modernizar instituições e carreiras  policiais); 4.nova política sobre drogas, focada na redução de riscos, prevenção e tratamento ao usuário; 5.acabar com a política de preços de combustível, hoje pautada no mercado internacional; 6.Petrobrás (estatal), investindo em exploração, produção, refino; 7.desmatamento líquido zero (considerada na contabilidade a recomposição de áreas degradadas e o reflorestamento de biomas); 8.proteção dos direitos e dos territórios dos povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais e combate à mineração ilegal e crime ambiental; 9.agricultura e pecuária comprometidas com a sustentabilidade ambiental e social; 10.cumprir metas de redução de emissão de gases de efeito estufa; 11.revogação do teto de gastos (novo regime fiscal que permita o governo gastar mais em épocas de recessão e economizar em tempos de bonança); 12.reforma tributária com progressividade (simplificar tributos para ricos pagar mais e pobres pagar menos); 13.reverter o processo de desindustrialização e promover a reindustrialização (novos setores associados a uma economia digital e verde); 14.estruturação de uma política de prevenção e combate à corrupção (criação da Controladoria-Geral da União e da Estratégia Nacional de Combate à corrupção e à Lavagem de Dinheiro); 15.fortalecimento da educação pública e do sistema único de saúde; 16.promoção de políticas públicas de promoção da igualdade racial, o combate ao racismo estrutural e respeito à cidadania LGBTQIA+; 17.defesa de uma maior integração regional da América do Sul, da América Latina e do Caribe.

Primeiras ações do governo Lula

Deu posse aos seus 37 ministros (contra 23 do governo Bolsonaro); Encaminhamento de uma série de medidas para revogar algumas decisões tomadas pelo governo anterior – 1. Decretos referente à revisão dos sigilos adotados pelo governo anterior; 2. Reestruturação da política de controle de armas, recenseamento das armas de uso dos brasileiros; 3. Revogação das privatizações de oito empresas estatais; 4. Volta do Brasil ao Fundo Amazônia; 5. Medidas ditas em defesa do meio ambiente.

Concluindo:

As últimas décadas proliferam pelo mundo movimentos de progressistas e conservadores que mobilizam visões idealizadas de um passado para tentar viabilizar a transformação do presente. Carece aos monarquistas uma visão realista sobre a época imperial brasileira. Carece aos simpatizantes da república velha um olhar crítico sobre suas práticas coronelistas. Carece aos adeptos de uma política de viés progressista respeito às liberdades em todas as esferas do direito de seu povo. Por trás de uma proposta que afirma ser “a melhor” está um projeto de poder e de país que aparenta negar ao Brasil uma maior participação popular e a construção de uma sociedade democrática e visa construir um governo que prescinde do POVO para a solução de seus problemas.

Nos dois períodos referenciados do passado ficaram evidenciados com clareza o projeto de poder que não interessava aos interesses da nação. Segmentos que compunham a maioria do POVO conseguiram demonstrar que país queriam, e sensível ao sentimento dos brasileiros, as Forças Armadas fizeram-se irmanar com aqueles a quem juraram fidelidade.

Nesse atual momento nacional, como no passado, o Exército de Caxias, a Marinha de Tamandaré, a Aeronáutica de Santos-Dumont não negará ao POVO brasileiro o braço amigo da Liberdade, Pátria, Família e Deus.

Deus salve o Brasil

Por Edson Silva, em 10 de janeiro 2023

Fonte de consulta

https://veja.abril.com.br/especiais/dom-pedro-ii-o-que-a-escola-nao-ensina/

https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/segundo-reinado-1840-1889.htm

https://www.todamateria.com.br/dom-pedro-ii/#:~:text=Pedro%20II%20focou%20no%20desenvolvimento,Eus%C3%A9bio%20de%20Queir%C3%B3s%20(1850)%3B

https://www.scielo.br/j/es/a/r9WxgNdxFvRLXYfbxCLyF5G/?format=pdf&lang=pt

https://bdor.sibi.ufrj.br/bitstream/doc/215/4/133%20T2%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf

https://cliohistoriaeliteratura.com/2021/04/21/alguns-mitos-sobre-o-imperio-que-precisam-ser-repensados/

https://www.politize.com.br/intervencao-militar-no-brasil/ *

http://jornalheiros.blogspot.com/2018/09/voce-sabia-31-dos-45-presidentes-dos-eua-foram-militares.html

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/golpe-militar-de-1964-1-elites-e-militares-derrubaram-o-governo-de-jango.htm

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-joao-goulart-1961-1964-polarizacao-conduz-ao-golpe.htm

https://jus.com.br/artigos/99613/a-historia-secreta-e-real-da-revolucao-de-1964

https://www.scielo.br/j/rbh/a/YLMc8hZWZfpV4sPzsZFCkqq/

https://valeonnoticias.com.br/2021/03/15/stf-nunca-foi-fechado-mas-teve-ministros-cassados-pela-ditadura-militar/

https://www.dw.com/pt-br/quais-s%C3%A3o-as-propostas-de-governo-de-lula/a-62213399